Festival de arquitetura e arte arranca amanhã e decorre até novembro, criando roteiro alternativo fora do centro histórico da cidade.
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O festival de arquitetura e arte Forma da Vizinhança arranca no sábado, em Braga, com um roteiro por oito locais onde são apresentadas obras que questionam as relações de proximidade social criadas com o crescimento do tecido urbano. Integrado no programa da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, este festival convidou oito equipas de arquitetos a responder a uma pergunta geral: “O que significa viver em vizinhança hoje?”.
A programação nasce de um trabalho de escuta iniciado em 2024, com oficinas, visitas e encontros com moradores e associações em cinco urbanizações – Fontainhas, Fujacal, Makro, Parretas e Quinta da Capela – e três hortas urbanas – Quinta da Armada, Quinta da Lameira e São Vicente. As histórias, memórias e dinâmicas recolhidas nesses contextos serviram de base para a construção do festival, que tem curadoria do duo de investigação em arquitetura Space Transcribers, composto por Daniel Pereira e Fernando Ferreira.
“Grande parte do tecido urbano de Braga foi construído nos últimos 50 anos e fascina-nos olhar para essa expansão, percebendo que cidade é essa e a forma como o crescimento acompanhou ou não os processos de socialização e de vizinhança”, diz ao JN Daniel Pereira, que considera que, ao realizar-se em zonas fora do centro histórico, este festival está a criar um “roteiro cultural alternativo” para descobrir novos territórios.
Fernando Ferreira enaltece a importância dos processos de auscultação realizados, que foram “altamente participados”. “Esses contactos serviram de inspiração que as equipas de arquitetura selecionadas por nós pudessem criar os seus projetos”, salienta.
Projetos e instalações
Dos ateliês e artistas convidados, destacam-se o galego Manuel Bouzas, com um espaço de encontro entre moradores nas Fontainhas; o Parto Atelier, de Lisboa, que propõe no Fujacal uma estufa-laboratório no espaço público, convidando a vizinhança a criar peças de cerâmica a partir da argila existente no próprio subsolo; ou ainda o Atelier Local, que interveio no limite entre a horta urbana de São Vicente e o Bairro das Andorinhas, com um pequeno pavilhão em madeira onde uma mesa/janela circular rebatida convida ao encontro entre o bairro e a horta. Juntam-se ainda nomes como Patrícia da Silva (zona da Makro), Nuno Melo Sousa (Parretas), ATA Atelier (Quinta da Capela), LIMIT Architecture Studio (Horta da Quinta da Armada) e os cabo-verdianos RAM (Horta da Quinta das Lameiras).
Até novembro, estas instalações serão ativadas por artistas e designers convidados – Zabra, Gustavo Ciríaco com Andrea Sonnberger, Frame Colectivo, A Recoletora, Soraia Gomes Teixeira, Landra, Inês Neto dos Santos e Daniel Parnitzke – com propostas artísticas comunitárias como caminhadas, oficinas e performances, entre outros. As instalações também serão palco para apropriações pelos próprios moradores.