Câmara apostou em oliveiras nas ruas da cidade e oferece o produto aos funcionários
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Mais de dois mil quilos de azeitonas foram recolhidos das diversas oliveiras que a Câmara de Pombal colocou em espaços públicos. Agora, mais de 300 litros de azeite vão ser distribuído pelos funcionários da autarquia.
Manuel Domingues, 68 anos, já leva 40 de lagareiro. Há quase dois meses que pouco dorme, tanto tem sido o trabalho. "Este ano houve muita azeitona e os clientes não param de chegar" revela, admitindo que os poucos dias de sono que tem roubado à cama já o levaram ao hospital.
"Há anos que só temos o lagar aberto 15 dias, outros apenas um mês. Mas este ano começámos a fazer azeite no dia 24 de Outubro e ainda não parámos" diz Manuel, explicando que "as máquinas nunca podem parar".
À entrada do lagar familiar, localizado no Barrocal, Pombal, mantêm-se em espera alguns veículos carregados de sacos de azeitonas. "As melhores para o azeite são as Lantiscas, mas também existe muita Cordial" conta Manuel, enquanto olha para o movimento das máquinas que vão triturando a azeitona.
Com 68 anos, este agricultor não sabe muito bem explicar a boa colheita deste ano. "Pode ter sido do tempo, não fez muito frio", justifica adiantando que "em todo o país houve muita e boa azeitona". É por isso natural que este ano "o azeite seja de melhor qualidade", sustenta.
Apressado em dar vazão às muitas toneladas de azeitonas que este ano surgiram, não só do concelho de Pombal, mas de Leiria, Soure e Ansião, Manuel diz que no primeiro mês a família e mais dois ajudantes trabalharam 22 horas. "Agora mais uma semanita e acabamos. Já não há muita azeitona e a que há já está estragada", explica.
Orgulhoso do trabalho que desenvolve, Manuel tem este ano motivos acrescidos de orgulho. O seu lagar foi o escolhido pela Câmara de Pombal para transformar as azeitonas em azeite. A primeira colheita de 570 quilos de azeitona rendeu 83 litros, a segunda de mais de 800 quilos rendeu 98 litros e a última colheita, feita esta semana e que totalizou quase 800 quilos, deu origem a mais de 80 litros de azeite puro.
Diogo Mateus, vereador da autarquia, mostra-se satisfeito com a aposta da Câmara que ocupou com oliveiras cerca de 10 hectares de terreno público. "Este ano só fizemos colheita em três hectares mas para o ano já podemos fazer mais", assegurou o autarca.
De acordo com Diogo Mateus a produção de azeite - tal como acontece com o vinho - "é para uso exclusivo dos funcionários da autarquia".
O autarca que provou no lagar o azeite acabado de fazer (tiborna), acompanhado com bacalhau e batatas assadas nas brasas, mostrou-se satisfeito com a qualidade do produto, e promete que enquanto houver oliveiras haverá azeite na autarquia.