O funcionamento da recolha de lixo em Vila Verde tem registado problemas ao longo dos últimos dias, com contentores cheios e sacos amontoados em vários pontos do concelho, o que está a originar muitas críticas da população e dos partidos da oposição.
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A Câmara admite constrangimentos, devido à entrada de uma nova empresa concessionária, que “está a reforçar [o serviço] com mais equipas” para dar resposta.
Nos últimos dias têm sido feitas várias denúncias que dão conta de “falhas graves” na recolha, que levam a que existam “grandes quantidades” de lixo acumulado e “cheiros nauseabundos”, como partilhou o ativista ambiental Carlos Dobreira, que deu a conhecer a situação à Direção-Geral da Saúde, tendo em conta o “perigo para a saúde pública”.
Através de comunicados, o PS e a Iniciativa Liberal (IL) deixaram muitas críticas à Câmara de Vila Verde, liderada por Júlia Fernandes (PSD). “A transição do serviço de recolha de resíduos urbanos em Vila Verde foi realizada com o amadorismo e desleixo que há mais de 28 anos fustigam as nossas populações”, referem os socialistas, lembrando o tempo de governação social-democrata, que lidera os destinos do concelho desde 1997.
Para o PS, a entrada de uma nova empresa responsável pela recolha do lixo, no início deste mês, foi feita “sem planeamento, sem organização, sem estratégia”. Além de constituir um “perigo para a saúde das populações”, a situação atual provoca, segundo a estrutura socialista, “uma degradação deplorável do espaço público” e “um rombo para a economia local que afasta clientes, turistas e investimentos”.
“Se houve algum incumprimento do contrato, cabe à Câmara aplicar as respetivas penalizações. Se não houve, cabe à Câmara vir a terreiro assumir responsabilidades e apontar soluções, em vez de se limitar a pedir às pessoas para terem paciência”, diz o PS.
Também a IL considera que, “além de comprometer a imagem e a qualidade de vida em Vila Verde”, esta situação “representa já um sério risco para a saúde pública, devido à proliferação de resíduos e à exposição prolongada da população a condições insalubres, agora ainda mais agravadas pela atual onda de calor”.
Para a Iniciativa Liberal, houve “falhas graves no planeamento e na execução do contrato de concessão do serviço, assim como uma total falta de responsabilidade e transparência por parte da Câmara Municipal”.
Tendo em conta o cenário existente, o partido decidiu “formalizar pedidos de intervenção da autoridade de saúde e apresentar queixas junto da Delegada de Saúde Pública local, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), do SEPNA – Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR e da própria Câmara Municipal”.
Reforço de equipas
Contactada pelo JN, a Câmara de Vila Verde lembrou que a nova concessionária de recolha de lixo iniciou funções no dia 1 de julho e admitiu que, “nesta fase de adaptação e conhecimento de rotas, terreno e todos os pontos de recolha, têm ocorrido algumas falhas, que estão a ser resolvidas”.
“O período entre a falha e a resolução do problema leva sempre a acumulação extra de lixo. A empresa está a reforçar com mais equipas para resolver falhas que ocorram nos circuitos normais de recolha”, assegurou a autarquia.
O município sublinhou que “a situação está a ser acompanhada e monitorizada de forma permanente por uma equipa da Câmara”. “Se a empresa for incapaz de assegurar as suas obrigações para cumprir o serviço, serão tomadas medidas extraordinárias que se venham a entender adequadas”, adiantou fonte da autarquia.
Concessão desde o início do mês
Conforme o JN noticiou, a empresa Luságua assumiu no início deste mês a operação de recolha do lixo no concelho de Vila Verde, no seguimento de um concurso público internacional lançado pela autarquia para estabelecer uma nova concessão. O serviço foi adjudicado por 8,1 milhões de euros e o contrato tem um prazo de 10 anos.
Nessa altura, em comunicado, a concessionária alertava para o facto de, “durante as duas primeiras semanas de julho”, se poderem “verificar alguns ajustes na frequência das recolhas, decorrentes da transição para o novo serviço”, o que levaria a eventuais constrangimentos. “A Luságua – Resíduos Smart + está empenhada em minimizar quaisquer constrangimentos para a população, garantindo um serviço eficiente, eficaz e ambientalmente responsável”, referia então a empresa.
O serviço de recolha de resíduos urbanos no concelho de Vila Verde abrange uma área total de 228,67 quilómetros quadrados e uma população de 46.444 habitantes.