<p>Duas dezenas e meia de trabalhadores da Oligrama, em Oliveira de Frades, cansaram-se de esperar pelo ordenado, com três meses de atraso, e pediram a rescisão do contrato. Agora, estão em vigília para reivindicar o que é seu.</p>
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A preocupação dos operários, conforme confessaram ontem ao JN, é que a Administração "continue a retirar da empresa as máquinas e outros bens que servirão para pagar salários em atraso (meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, além de outras remunerações) quando o tribunal decretar a falência da firma", explicou Isabel Portugal, uma das trabalhadoras com 11 anos de casa.
A saturação dos trabalhadores atingiu o ponto máximo fez ontem oito dias, quando os sinais da falta de dinheiro começaram a sentir-se de forma mais violenta obrigando um primeiro grupo a pedir a rescisão.
"Não podíamos continuar assim. Há famílias a sofrer muito com esta situação. Pessoas com filhos em idade escolar que já não sabem o que pôr na mesa", acrescenta Isabel Portugal.
O pessoal rescindiu e manteve piquetes à porta da fábrica, durante as 24 horas do dia, para impedir a saída de máquinas. "Queremos também que o patrão nos passe o documento que dará acesso ao fundo de desemprego e o anexo que nos garantirá o pagamento dos ordenados e outras remunerações em falta", adiantou Fernanda Pereira, de 32 anos, a trabalhar na fábrica de cerâmicas e granitos há dois anos e meio.
"O patrão apareceu hoje [ontem] por aqui e anunciou que vai pedir a insolvência. Prometeu que nos vai passar os papéis para o desemprego", acrescenta a mesma trabalhadora.
"A mim terão de pagar-me ainda os subsídios de turno e as horas extraordinárias", avisa Sérgio Miguel, que promete manter a vigília pelo tempo necessário. "Só sairemos daqui com garantias", declarou.
O JN não conseguiu, ontem, obter uma reacção da Administração da Oligrama.