Perante a maioria absoluta atingida por Rui Moreira quatro meses após as eleições, a Oposição na Câmara do Porto critica a decisão e fala em "desrespeito" pelos resultados eleitorais.
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Para Sérgio Aires, vereador do Bloco de Esquerda, Rui Moreira "conseguiu, na secretaria, ter uma maioria absoluta e fazer aquilo que lhe apetece". O vereador lamenta a falta de Oposição que a Câmara teve durante os últimos oito anos de mandato do presidente da Câmara do Porto e que agora se manterá graças à "lei da rolha".
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"Isto é grave. Põe em causa, de alguma maneira, os resultados eleitorais. Há um desrespeito por essa vontade. Rui Moreira não ganhou com maioria absoluta e isso quer dizer alguma coisa", considera Sérgio Aires.
Cristina Pimental sai "com fato feito à medida"
A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, lamentou, por sua vez, ter sido informada através da Comunicação Social. "Claro que o presidente tem o direito de tomar decisões relativamente aos vereadores que têm pelouros atribuídos. Mas são cinco. Não sei como passa para seis. A tempo inteiro, são cinco. É o que está decidido", reforça a vereadora.
Sugerindo que o presidente da Câmara do Porto tem "pouca confiança no acordo com o PSD", Ilda Figueiredo verificou que a desvinculação de Catarina Santos Cunha do PS foi anunciada na "segunda reunião de Câmara", mas que essa "é uma questão do âmbito interno do PS".
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Já sobre a saída de Cristina Pimentel, Ilda Figueiredo observa tratar-se de "um retorno à empresa da qual é quadro", mas realça o contexto em que a saída acontece: "Foi aprovada a reativação da STCP Serviços, proposta pela vereadora. Sai com um fato feito à medida".
Saída de Catarina Santos Cunha do PS não tem "nenhum fundamento"
Não se mostrando surpreendido com a aliança entre Rui Moreira e Catarina Santos Cunha, o vereador socialista Tiago Barbosa Ribeiro admite que "não há grande comentário a fazer".
"Era algo esperado desde a desvinculação [da vereadora socialista] uns dias após as eleições sem nenhum fundamento. Todos percebemos o que se passou. São coisas que fazem parte da natureza humana, mas que não são matéria de análise política", acrescentou o vereador.
Volte-face à vista
Apesar de o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ter garantido que as alterações no Executivo não colocavam em causa o acordo de governação com o PSD, esse cenário poderá estar perto de um volte-face.
Miguel Seabra, o líder da concelhia do PSD/Porto, admitiu à Lusa que a mudança "causa estranheza" e que o PSD se irá reunir para "analisar o destino" do acordo de governação.
"Quanto à entrada de uma pessoa com pelouros de uma outra força política, nomeadamente do Partido Socialista, a nós causa estranheza", afirmou Miguel Seabra.