A romaria da Senhora d’Agonia em Viana do Castelo, que vive esta quinta-feira o seu segundo dia, contará este ano com um brilho extra: o do atleta olímpico Iúri Leitão. O ciclista medalhado em Paris desfilará sábado, trajado a rigor ao lado da noiva Carolina Ribeiro, no cortejo histórico-etnográfico das festas.
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A participação de Iúri é um costume que já vem de trás, mesmo antes de ser campeão, ou não fosse o atleta natural de uma terra de folclore, Santa Marta de Portuzelo.
Quem também brilha já desde esta quarta-feira e assim continuará até ao último dia da festa, 22 de agosto, é a mordoma que dá rosto ao cartaz deste ano, Gabriela Sampaio, que conquistou o júri do concurso de seleção, com o seu “discurso assertivo, presença, postura, fotogenia e sorriso”.
Gabriela, de 26 anos, natural de Vila Nova de Anha, gerontóloga de profissão e dançadeira do Grupo de Danças e Cantares de Carreço, tinha o sonho de ser mordoma e só conseguiu à terceira tentativa. Não sonhava era que seria figura central das festas, juntamente com o ciclista vianense que marcou a história da participação de Portugal nos Jogos Olímpicos. A jovem realça que se sente “honrada” por poder partilhar a ribalta com o campeão olímpico.
Uma "honra enorme"
“É uma honra enorme poder dividir, digamos assim, o protagonismo ao lado de um grande homem. Para nós em Viana do Castelo, é um grande orgulho poder ter este grande representante na nossa cidade”, afirmou Gabriela que, esta quarta-feira, andou pelas ruas de Viana do Castelo, trajada, acompanhada pelos pais. E, sempre de sorriso pronto, acedeu às solicitações de adultos e crianças para tirar fotografias.
“O papel da mordoma é dar a cara, ser o rosto da romaria e representar todas as mulheres vianenses e também todos os vianenses que sintam estas festas. É uma honra enorme esta representação”, disse Gabriela, que veste um fato à lavradeira vermelho, típico de Carreço.
“Tem a particularidade de ter um pequeno decote. É característico das freguesias de Carreço e de Afife, onde somos conhecidas pelas descamisadas. Também o meu colete é apenas bordado a missanga na parte do veludo e a barra não tem qualquer tipo de bordado. É uma saia simples com uma barra preta”, descreveu a mordoma, que leva também muito ouro a enfeitar o traje. “É uma grande responsabilidade, porque além do valor económico, tem também um grande valor sentimental. É um ouro que é passado de geração em geração. É de família. Portanto é uma grande responsabilidade trazer a minha família ao peito”, defendeu.
Quanto mais barulho melhor
Originário da terra-natal da mordoma, o grupo de bombos da Associação Desportiva e Cultural de Vila Nova de Anha teve a tradicional tarefa de animar as ruas de Viana no primeiro dias das festas.
“Romaria da Senhora d’Agonia sem bombos, não é romaria. As pessoas gostam das alvoradas na Praça da República [todos os dias no centro da cidade]. Lembro-me desde pequeno dos bombos aqui ao meio dia. E quanto mais barulho fizerem melhor”, afirmou o diretor do grupo António Silva.