A festa da noite de Carnaval no centro histórico de Ovar vai este ano ter entrada paga, revelou a autarquia esta quarta-feira, atribuindo a decisão à necessidade de garantir "maior segurança e comodidade" às celebrações de rua.
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Em causa está a chamada "Noite Mágica" que, na véspera da Terça-Feira Gorda, e durante toda a madrugada, tem levado cerca de 100 mil pessoas à referida cidade do distrito de Aveiro, onde nessa data cada rua e praça é animada com um estilo musical próprio, diferente do das restantes.
O acesso ao centro histórico nesse período vinha sendo gratuito, mas em 2018 a organização do Carnaval já implementou o controlo de entradas, "só para contabilizar visitantes e desmotivar excessos com álcool e armas" e este ano irá agora introduzir a entrada paga, ao preço de um euro mediante compra antecipada de bilhete até 7 de fevereiro e de três euros na aquisição no próprio dia.
Quem vive no centro histórico não vai pagar entrada na Noite Mágica
"Nos últimos anos tivemos momentos de enorme aflição dado o elevado número de foliões na noite de segunda para terça-feira e este valor simbólico permitirá reduzir o número de acessos ao recinto e qualificar o tipo de público, o que garantirá mais segurança à festa e também maior comodidade a quem circula no centro histórico durante a festa", declarou à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro.
A introdução de pagamento contribuirá ainda para outro objetivo da autarquia. "Além de assegurar um melhor fluxo de pessoas, a entrada paga vai ajudar à sustentabilidade financeira do evento, que temos vindo a otimizar nos últimos anos com investimentos destinados a melhorar a visibilidade dos espectadores dos cortejos, como aconteceu com as plataformas para peões e com os camarotes, e a diminuir o impacto ambiental da festa, impondo o uso de copos reutilizáveis", explicou.
O custo global do Carnaval de Ovar é de cerca de 650 mil euros, dos quais 300 mil representam apoios diretos atribuídos aos 24 grupos e escolas de samba locais que desfilam nos corsos de sábado, domingo e terça-feira - num universo de dois mil figurantes.
Salvador Malheiro defende que esse investimento se tem refletido "num aumento evidente da qualidade do Carnaval vareiro" e, consequentemente, num maior retorno financeiro para todo o tecido económico envolvido no evento.
Carnaval de Ovar arranca a 1 de fevereiro
"Os dois bares concessionados para o Carnaval deste ano já renderam mais de 50 mil euros em hasta pública, o que é um recorde e significa que os empresários sabem que vão recuperar facilmente esse dinheiro", realça.
Na edição de 2020, o evento "ainda não se vai pagar a si próprio", mas, feitas as contas, e mesmo considerando que "quem vive no centro histórico não vai pagar entrada na Noite Mágica", a expectativa do autarca é que o Carnaval de Ovar "atinja a sua sustentabilidade financeira num prazo de três anos".
A programação oficial da edição de 2020 do Carnaval de Ovar arranca a 1 de fevereiro com a atuação do grupo de samba brasileiro Monobloco, o que, segundo Salvador Malheiro, tem motivado "um interesse louco" por parte da comunidade de imigrantes do Brasil a viver em Portugal e explica o facto de que "os hotéis de Ovar já estão cheios para esse dia".
A cantora brasileira Alcione é outro destaque deste ano pelo seu concerto a 15 de fevereiro, sendo que também há espetáculos previstos com Quim Barreiros, Toy, Anselmo Raph, Waze e Supa Squad.
Caminhadas noturnas, desfiles da comunidade sénior e infantil, um corso aberto à população em geral, cortejos gerais ou só com escolas de samba, visitas guiadas à Aldeia do Carnaval (onde se concentram as sedes dos 24 grupos de Entrudo locais) e programas turísticos com deslocação a unidades de fabrico de pão-de-ló de Ovar, ao Museu Escolar Oliveira Lopes e a património azulejar são outras das iniciativas inseridas na programação de 2020 - cujas propostas estão acessíveis a preços até aos 15 euros.