O projeto “Semear Ação” pretende mostrar em Trás-os-Montes como o ativismo climático e a proteção do património ambiental podem fortalecer as comunidade. Amanhã, o Pacto Climático Europeu e as associações ambientalistas ZERO e Transitar juntam-se em Tourencinho, Vila Pouca de Aguiar, numa “escola de ativismo.”
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“Nesta ação em Tourencinho queremos destacar a importância de políticas que promovem a fixação de pessoas no interior do país e o combate ao despovoamento”, afirma Rita Prates, da associação ambientalista da ZERO, que organiza, em conjunto com a Transitar, a etapa do projeto "Semear Ação" de amanhã, em Trás-os-Montes. “O principal objetivo é oferecer às comunidades das regiões onde ocorre ações de formação e de capacitação para lutarem pela defesa das suas áreas com maior valor ecológico face às alterações climáticas”, acrescentou aquela responsável.
O “Semear Ação” começa às 10 horas na sede da Associação Cultural e Recreativa de Tourencius dos Xudreiros (ACRTX), um antigo apeadeiro da Linha do Corgo, reabilitado e transformado em espaço cultural, com o Mural do Clima, um workshop didático, baseado no trabalho das Nações Unidas, que é disponibilizado em Portugal pela associação Transitar. O programa incluiu um almoço comunitário, seguido de caminhada interpretativa por um percurso rural, com visitas previstas a um moinho de água em funcionamento e a um forno comunitário onde antigamente se cozia olaria preta.
“A lógica do Mural do Clima parte da consciência de que só poderemos obter mudanças se a sociedade estiver consciente do problema ambiental que enfrenta e de quais são as ferramentas para o mitigar”, afirma Aurore Delaunay, presidente da Transitar, uma organização ambiental que promove iniciativas de educação e capacitação dos indivíduos para a transição ecológica, acompanhando as comunidades e organizações em Portugal. “A transmissão de conhecimento que o Mural do Clima proporciona é um impulso, e um impulso importante, para iniciativas de mudança: ambas contribuem para ajudar os cidadãos a remover o sentimento de impotência que a gravidade das alterações climáticas lhes impõe”, acrescenta, em comunicado enviado às redações.
“Os movimentos de cidadãos têm impacto político, sendo necessário cada vez maior envolvimento da população em temas que impactam as suas comunidades, como temos visto em movimentos recentes a respeito da mineração, de abate de sobreiros ou mesmo do caso dos jacarandás em Lisboa”, defende Rita Prates. Com a proximidade das eleições de 18 de maio, os ambientalistas acreditam que as povoações podem fazer chegar ao poder político a necessidade de medidas ambientalmente sustentáveis, a única forma de tornar estrutural e atrativo para as novas gerações o repovoamento de certas regiões, particularmente ameaçadas em pelos crescentes projetos mineiros que se espalham por Trás-os-Montes, por exemplo.
“Numa zona rural, as sementeiras começam a fazer-se por esta época", diz Sara Barreiro, da Associação Cultural e Recreativa de Tourencius dos Xudreiros, justificando a ideia de levar a ação ambiental para Vila Pouca de Aguiar. “A ação climática é crítica para estruturar comunidades mais resilientes e com formas de vida mais prósperas e sustentáveis”, acrescentou.
“Não existe atividade mais fértil do que o ‘Semear Ação’ para trocar sementes de ideias entre gerações e plantar iniciativas que estabeleçam laços cooperativos que enalteçam a necessidade de cuidar do local onde vivemos, para que outras pessoas encontrem o seu lar aqui também”, defendeu Sara Barreiro, no mesmo comunicado sobre esta atividade promovida pelo Pacto Climático Europeu, uma iniciativa central do “European Green Deal” promovido pela União Europeia. O objetivo é mobilizar as comunidades na Europa para os investimentos, atividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos combustíveis fósseis e da emissão de outros gases com efeito de estufa, promovendo a transição para modos de vida mais seguros e saudáveis e para uma economia sustentável.