Uma padaria de Penacova está a usar um moinho do concelho, onde já produz farinha para o pão que vende. O responsável pelo estabelecimento destaca o gozo que lhe dá usar o moinho, que nem considera trabalho. A ideia partiu do dono da padaria e foi a Câmara quem cedeu o espaço para rentabilizá-lo.
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João Costa, responsável pela Padaria do Largo, vai uma vez por semana a um dos moinhos, na Portela de Oliveira, já na serra do Bussaco. O dia da semana varia, depende do vento. "Só posso fazer alguma coisa em dias ventosos", justifica. No entanto, não pode ser muito forte. "Num dia de vento normal, consigo produzir cerca de 40 quilos. Para a nossa produção na padaria chega", destaca. Esporadicamente, desloca-se aos moinhos quando há visitantes e turistas interessados. "As pessoas de fora dão muito valor a isto. É uma atração turística importante para a região", lembra.
Com 55 anos de idade e 41 de atividade na padaria, João Costa desloca-se, com gosto, ao Bussaco. "Chego por volta das oito horas e levo o meu tempo a produzir a farinha. O sossego é fantástico e a vista maravilhosa. Passo a manhã descansado", descreve, considerando que a atividade no moinho, para si, não é trabalho. "Temos a produção corrente na padaria. Aqui é para se ir fazendo, é um passatempo", entende.
Pão de Gondelim
No moinho da Portela de Oliveira, João Costa produz a farinha para o pão de Gondelim, uma iguaria típica do concelho. "Já usamos o rótulo, mas esperamos a moagem para retomar a produção. É um pão ótimo, que pode durar dias", conta.
A iniciativa partiu da Padaria do Largo e foi, desde logo, apoiada pela Câmara, também na intenção de dinamizar uma riqueza cultural do município. "O concelho tem uma tradição muito grande nesta área, quer de moinhos de vento quer de água, e o trabalho dos moleiros é uma arte que está a perder-se", apontou o vice-presidente da Câmara, João Azadinho, na apresentação da colaboração entre o município e a padaria. Em breve está a exploração, pela padaria, de outro moinho, na serra da Atalhada, devendo começar a produção até ao final do mês.
Segundo João Costa, não há registo da idade dos moinhos. "Há documentos do século XVIII, mas são muito anteriores. Segundo dizem, ainda são do tempo do império romano", afirma.