A criação de uma capelinha à entrada da igreja de Alvações do Corgo para ali colocar a imagem de um santo está a dividir a população daquela aldeia no concelho de Santa Marta de Penaguião.
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Metade do povo discorda e insurgiu-se contra o padre local, a quem acusam até de ser "bruxo". "Ele dá a hóstia molhada em vinho às crianças e não fala de Deus na missa, só de demónios", garante Clara Monteiro, uma das vozes contra o pároco que "só está bem a falar de coisas negativas".
Durante esta semana, parte do povo juntou-se em frente à igreja para impedir a criação do nicho onde deveria ser colocada a imagem de São Miguel Arcanjo. "Não fomos consultados, nem achados. Fez tudo sem nos consultar e agora não deixamos que ponha ali um santo que não nos diz nada", afirma a mulher, que deixou de ir à missa porque "o padre nunca falava em Deus".
No povo, há também quem garanta que o sacerdote foi visto a "fazer rezas esquisitas durante a noite". "Só podem ser exorcismos", asseguram alguns habitantes. A construção da capelinha e o santo foram financiados por um paroquiano, mas metade da aldeia acredita que o padre "fez tudo às escondidas do povo".
A favor do padre
Do outro lado da barricada, a restante população concorda com a colocação no nicho. "Quem fala mal do padre é gente que nem sequer vai à missa", lamenta Agostinha Glória, que está a favor do pároco e da colocação do santo.
Sobre o discurso do sacerdote durante a missa, acredita que "é normal falar no demónio porque é uma figura da Bíblia, mas o padre nunca tratou mal ninguém nem fez nada de errado".
O JN tentou contactar o pároco de Alvações do Corgo, que exerce o sacerdócio há mais de 40 anos, mas não foi possível em tempo útil.
"Juntaram-se meia dúzia a dizer mal do padre, mas ele não fez nada do que andam para aí a inventar"
Agostinha Glória, Paroquiana
"Deixei de ir à missa porque este padre só falava no diabo e eu queria ouvir falar de Deus"
Clara Monteiro, Paroquiana