O vigário geral da diocese de Vila Real, António Fontes, afirmou, esta quarta-feira, estar "convencido" de que o padre Fernando Guerra, condenado por posse ilegal de armas, foi destituído das suas paróquias por causa da condenação.
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O sacerdote de Covas do Barroso, Boticas, deixou de ter na sua responsabilidade, a partir de Novembro e por decisão da diocese de Vila Real, as paróquias de Cerdedo, Covas do Barroso, Alturas, Vilar e Canedo, no concelho de Boticas.
Fernando Guerra, de 76 anos, detido com armas ilegais, foi condenado, a 19 de Outubro, a três anos de prisão com pena suspensa e ainda ao pagamento de uma multa de mil euros, a entregar aos bombeiros de Boticas.
O vigário geral da diocese realçou que há "já algum tempo" que se ponderava a sua substituição, pelo que se aproveitou "esta ocasião" para o fazer porque já ocupava as paróquias há mais de 30 anos.
A razão principal para a sua destituição, afiançou, terá sido a sua idade, apesar de ainda ter "muita vida" e estar já "há muito tempo" naquelas paróquias, em Boticas. "Mas estou convencido de que a sua condenação por posse de armas ilegais influenciou a decisão da diocese", afiançou.
As cinco paróquias a cargo do sacerdote Fernando Guerra, em Boticas, passarão a ser da responsabilidade de um padre que exerce sacerdócio no concelho, até agora com apenas uma paróquia.
Quanto ao facto de o padre Fernando Guerra ter recebido alguma reprimenda por parte do bispo Amândio Tomás, o vigário geral ressalvou que "é natural" que isso tenha acontecido atendendo ao crime pelo qual foi condenado.
A diocese de Vila Real propôs ao padre Fernando Guerra assumir o "comando" de algumas paróquias de Montalegre, dado ser natural do concelho. A partir de agora o padre terá de ter "cuidado" para não voltar a cometer os erros por que está com pena suspensa.
Fernando Guerra foi detido a 25 de Outubro de 2009, na sacristia da Igreja de Covas do Barroso, Boticas, pelos militares do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Chaves por suspeitas de posse de armas proibidas.
Posteriormente, nas buscas realizadas à residência paroquial, foram-lhe apreendidas seis armas, cerca de 800 munições de diferentes calibres, um engenho explosivo e uma mira telescópica.
O Tribunal de Boticas deu como provados todos os factos constantes na acusação, alegando que as justificações apresentadas para a posse dos objectos apreendidos "não foram convincentes".
Durante o julgamento, o padre alegou que as armas eram para "defesa pessoal" porque havia sofrido dois atentados e andava com "medo".
A diocese de Vila Real encarou a sentença do padre de Covas do Barroso como "demasiado forte", mas reconheceu que foi uma "falha muito grave", pelo que "castigo foi proporcional ao erro". "Não se tolera um padre ter seis armas em casa. É demasiado", referiu o vigário geral.