<p>Sem trabalho, Rui e Fátima, o ex-pároco e a paroquiana que, no final do ano passado, foram para Espanha viver juntos, passam agora por uma época difícil. O primeiro filho está quase a nascer e Rui quer dar aulas de Moral. </p>
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Rui Pereira passou os últimos dias a entregar currículos e a ‘pedir’ emprego em várias entidades públicas e empresas de Braga e Vieira do Minho. O ex-pároco de três freguesias em Celorico de Basto, vive com a namorada Fátima, no final da gravidez, em casa dos pais, na Caniçada, em Vieira do Minho. Sem trabalho certo, Rui Pereira, de 27 anos, licenciado em Teologia, esteve na autarquia local a pedir emprego.
"Numa terra pequena como esta, quem está desempregado passa pela câmara para ver se há alguma coisa", referiu fonte ligada à autarquia.
O jovem, que continua a ser padre até obter a dispensa do exercício do magistério sacerdotal, primeiro pelo arcebispo de Braga e depois pelo Papa, não escolhe funções, "desde que tenha trabalho e salário".
Uma possibilidade de emprego passa pela docência das Actividades Extra-Curriculares (AEC) nas escolas de Vieira do Minho. Rui Pereira terá ainda tentado dar aulas de Educação Moral e Religião Católica em escolas públicas, ‘contratado’ pela diocese, mas sem sucesso. Actualmente, o jovem de 27 anos realiza pequenos trabalhos agrícolas e, ao fim de semana, é servente num restaurante local. Fátima, de 18 anos, companheira de Rui, está desempregada mas o facto de estar no final da gravidez, limita a procura de trabalho.
"Eles têm sido ajudados pelos amigos e por pessoas que nem imaginavam que os apoiavam", disse um amigo. O enxoval do bebé foi quase todo oferecido, desde roupas ao carrinho e à cadeirinha. "Deus nunca dá tudo mas também nunca tira tudo", salientou o mesmo amigo.
Rui Pereira e Fátima recusam falar com os jornalistas. O ex-pároco esteve, no início da semana, juntamente com um amigo na GNR de Vieira do Minho a conversar com os agentes para saber quais os procedimentos que pode tomar contra alguns comportamentos que considera que violam a sua privacidade e da família, incluindo pais e irmãs.
Na paróquia da Caniçada, desde Maio deste ano que a família directa de Rui deixou de participar nas cerimónias religiosas. Os pais e a irmã eram responsáveis pelo grupo coral da paróquia mas uma conversa com o padre Luís Jácome, responsável pela igreja, terá provocado o afastamento da família. De acordo com testemunhos locais, Rui Pereira e Fátima estavam a tentar inserir-se nas actividades paroquiais, sobretudo nas litúrgicas. O ex-pároco ainda chegou a tocar órgão numa missa dominical mas, por indicação do sacerdote local, nunca mais o fez.
"A igreja está aberta a toda a gente mas tem regras. Quem vive em união de facto não pode comungar e quem vive uma vida contrária ás leis da igreja não pode agir como se nada fosse", disse o padre Luís Jácome, pároco de Caniçada.