O pai de Natchaya Jenrob, a massagista tailandesa assassinada em Matosinhos, morreu no início do mês, pouco depois de saber da morte violenta da filha.
Corpo do artigo
O desgosto matou-o, acredita a família, que não tem dinheiro para transladar os restos mortais da vítima e pede ajuda. Na Tailândia, as autoridades procuram o cúmplice e companheiro da homicida, detida pela Polícia Judiciária (PJ).
Ao que tudo indica, a massagista de 40 anos terá sido morta e desmembrada pela melhor amiga e patroa por causa de uma dívida de 10 mil euros. O marido terá apenas ajudado a companheira a desfazer-se do corpo. A investigação prossegue, mas só a cabeça da vítima foi encontrada até agora.
A família de Natchaya está "em choque" e destroçada. Pior: não tem sequer meios para fazer um funeral na sua terra natal, a província tailandesa de Surin. "Ela não devia ter morrido tão cedo e muito menos daquela maneira", lamentou a mãe de Natchaya, Soei Jenrob, de 76 anos, ao jornal tailandês "The Nation". Segundo relatos da família, o pai ficou gravemente doente e acabou mesmo por morrer de problemas do coração na sequência das notícias do assassinato da filha.
Exigia pagamento de dívida
Natchaya terá sido morta em março deste ano pela amiga e patroa, Sangam Sawaiprkhon, 52 anos, já detida pela PJ. As amigas terão discutido quando Natchaya exigiu de volta 10 mil euros que tinha entregado a Sangam para comprar sociedade no salão de massagens onde trabalhava, em Matosinhos. Como tal não se concretizou, a massagista queria o dinheiro, mas a patroa negava-se a tal. A discussão escalou e Sangam terá matado Natchaya no próprio salão. Depois de morta, desmembrou o corpo para melhor se desfazer dele.
A descoberta de uma cabeça de mulher na praia de Leça da Palmeira, a 7 de março, deu o alerta para o crime. Apesar dos poucos indícios, em menos de um mês, a PJ conseguia identificar não só a vítima como também a suposta assassina, que viria a ser detida a 5 de abril.
Investigação prossegue
Ao que o JN apurou junto de fonte ligada ao processo, a investigação prossegue mas a principal suspeita, de 52 anos, remeteu-se ao silêncio e recusa-se a colaborar com as autoridades.
O marido e cúmplice está em parte incerta. Foram emitidos vários alertas internacionais para a sua captura, pois o homem, originário do Paquistão, tem nacionalidade tailandesa e poderá ter-se refugiado na Ásia.
Pananchai Chuenjaitham, major-general do departamento de imigração tailandês, negou rumores de que o cúmplice já estaria detido naquele país. "De momento, estamos a investigar suspeitas de que estará na Tailândia", adiantou. Caso seja detido, as hipóteses de extradição para Portugal são remotas pois não há acordos com aqueles países.
Vítima enviava dinheiro aos pais todos os meses
A irmã de Natchaya, Somwang Wongsri, confessou que gostaria de realizar as cerimónias fúnebres na terra natal mas que não tem meios e pede que as autoridades ajudem na transladação. Thanin, o irmão mais velho, lembrou que Natchaya enviava todos os meses cerca de 200 euros aos pais e espera que as autoridades punam duramente os responsáveis pela morte da sua irmã.