Pai faz greve de fome em Braga por falta de respostas inclusivas para o filho autista
O pai de um jovem autista iniciou, esta quinta-feira de manhã, uma greve de fome junto ao Centro Distrital da Segurança Social de Braga como forma de protesto para a “ausência de respostas” inclusivas que permitam acolher o filho, natural de Barcelos, que é “uma criança de três anos no corpo de um jovem de 20”.
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Enfermeiro de profissão, Jorge Castro disse que a greve de fome decorrerá “enquanto conseguir” e que se manterá à entrada do edifício “dia e noite” por tempo indeterminado, alertando para um “problema que afeta muitos pais” e que se prende com a “falta de vagas” num Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI).
O protesto, que contou com cerca de três dezenas de outras pessoas que se encontram na mesma situação, começou às 9 horas e, aproximadamente 40 minutos depois, Jorge Castro foi chamado para uma reunião no interior da Segurança Social, na qual foi acompanhado por outros elementos do movimento Pais em Luta, grupo cívico criado em 2022 para representar os anseios dos pais de crianças com necessidades específicas.
No final desse encontro, Jorge Castro disse aos jornalistas que da reunião com os responsáveis distritais da Segurança Social não tinha saído qualquer novidade e que, face à ausência de “respostas cabais” que permitam encontrar um local a breve prazo para acolher o filho, decidiu manter a greve de fome que tinha planeado.
"O meu filho não pode ficar sozinho em casa, é um jovem muito dependente, é uma criança de três anos no corpo de um jovem de 20”, apontou Jorge Castro, sublinhando que a “única alternativa”, no seu caso e no de outros pais, “é deixar de trabalhar” para prestar assistência aos filhos. “Apesar de já ter 20 anos, o meu filho ainda está na escola, que tem mostrado muito boa vontade, mas isso já não vai ser possível. O que vou fazer? Ou eu ou a mãe, que é professora, teremos de deixar de trabalhar”, reiterou.
Jorge Castro sublinhou que “não há vagas” em CACI no distrito de Braga e que existe uma extensa lista de espera, o que faz com que esta seja uma situação “desesperante” para os pais, que não veem soluções a curto prazo. “Tenho conhecimento que existem vários projetos de alargamento de CACI, vários projetos de construção de novos CACI, mas estão parados na Segurança Social, muito provavelmente por falta de verbas”, referiu.
Membro do movimento Pais em Luta, Jorge Castro assegurou que o protesto que realiza não é apenas pelo caso específico do seu filho. “Estou aqui não apenas pelo meu filho, mas por todas as crianças e jovens que vivem o mesmo drama”, frisou o enfermeiro.
O JN solicitou esclarecimentos ao Instituto da Segurança Social, estando ainda a aguardar resposta.