O pai da menina que alegadamente deu banho de água a 'ferver' ao irmão de dois anos, provocando-lhe a morte, pede a custódia da criança. Soube da notícia pelos jornais e ainda não conseguiu contactar com a filha.
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António Delgado, o pai da menina de oito anos que, na passada sexta-feira, alegadamente lavou o irmão de dois anos, numa banheira de água demasiado quente, provocando-lhe a morte, soube da notícia por acaso. "A minha irmã telefonou-me porque leu no jornal. Primeiro até pensava que tinha sido a minha filha a morrer. Fartei-me de chorar", contou, ontem, ao JN.
O homem, de 45 anos, que chegou a ter a custódia da filha durante cinco anos, ainda não conseguiu falar com a ex-companheira, Luísa Proença, nem com a menina, desde os acontecimentos. Ter-se-á deslocado várias vezes a Vagos, "mas ninguém atende a porta", assegura. Segundo Delgado, que garante manter contactos regulares com a filha apesar de ter perdido a custódia, Maria (nome fictício) "contava que ficava muitas vezes sozinha em casa com o irmão, mas que não podia dizer nada senão 'apanhava'. Já em relação a Filipe, o menino que faleceu com queimaduras em 90% do corpo e que era fruto de outra relação de Luísa, admite que apenas o viu "meia dúzia de vezes".
Inconformado e chocado, pede que "a guarda da menina" lhe seja restituída. "Já falei com a minha advogada e vou ao Tribunal para pedir a guarda. Não percebo como acontece uma coisa destas e ninguém me diz nada. Nem Segurança Social, nem GNR, nem a mãe", desabafa.
A relação de António com Luísa Proença, a mãe das crianças, sempre foi conturbada e durou pouco. Quando a conheceu, já ela tinha três filhos de relacionamentos anteriores. A filha que possuem em comum foi a quarta, seguindo-se o pequeno Filipe, que tinha dois anos, mas este de outro homem. Primeiro Maria viveu com a mãe. "Eu andava embarcado, na pesca do bacalhau, e um dia, quando voltei do mar, soube que a mãe tinha abandonado a menina numa instituição em Recardães. Arranjei um advogado e fui lá buscá-la", recordou. Na altura, a Maria tinha dois anos e terá ficado a morar com o pai até Agosto de 2008, em Lavandeira, Vagos. "Um dia a minha nova companheira deu uma palmada à menina no Centro de Saúde e a assistente social resolveu entregá-la à mãe, apesar de saber como ela tratava as crianças".
Enquanto esteve a morar em Oliveirinha, ainda "via a menina de 15 em 15 dias, mas depois mudou-se para Vagos sem dizer nada e perdi o contacto durante algum tempo". Desde então, garante, Luísa tem "arranjado desculpas" para evitar contactos entre pai e filha. "Não a via há um mês e agora nem sei onde está…"