Os pais de Vic, menino de seis anos que morreu depois de ficar preso no ralo de uma piscina em Azeitão, garantem que o filho não estava sozinho quando tudo aconteceu. Três adultos foram logo em seu auxílio. "Saltámos todos imediatamente para a piscina para o ajudar, mas era impossível soltá-lo", garantem.
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Terça-feira, 17 de julho, era o último de 15 dias das férias que a família belga passou a viajar por Portugal com uns amigos. A partida para a Bélgica estava prevista naquele dia à tarde. Mas o imprevisto aconteceu. Michael Wanzeele e Ansie Van Aerschot garantem que faltava uma tampa no filtro da piscina, que o filho não estava sozinho quando ficou preso e que teve auxílio imediato.
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Os pais de Vic divulgaram um comunicado no qual descrevem como tudo aconteceu "para garantir que será levada a cabo uma investigação rigorosa deste caso e que serão tomadas medidas para impedir que esta tragédia aconteça com outra família". A Procuradoria-Geral da República já abriu um inquérito à morte da criança.
No texto, divulgado pelo escritório de advogados Sérvulo & Associados, a mãe explica que as crianças davam mergulhos na piscina, a amiga estava sentada junto à piscina e Ansie estava a preparar a mesa para o almoço junto à piscina, onde também estava o marido da amiga. O amigo de Vic "reparou logo que o Vic tinha ficado preso num buraco no fundo da piscina, na parte mais funda da mesma, com pelo menos 1,90 metros de profundidade".
"Saltámos todos [Ansie, a amiga e o marido dela] imediatamente para a piscina para o ajudar, mas era impossível soltá-lo", conta. "Nas primeiras tentativas, o Vic ainda estava vivo e a mexer-se, a tentar soltar-se", recorda. "Eu entrei em pânico porque era evidente que não o conseguíamos tirar, mas continuámos a tentar".
"Ligámos para o 112, a nossa chamada foi transferida 5 vezes até conseguirmos falar com alguém que falasse inglês" e "fomos à procura do quadro de eletricidade para desligarmos o filtro, mas não conseguimos encontrar nada de útil no quadro. Ninguém sabia onde se encontrava a instalação da piscina", nem quando a família contactou a empresa responsável pelo alojamento local.
Percebi que não conseguiríamos tirar o Vic sozinhos, enquanto ele continuava no fundo da piscina, já sem se mexer...
"Nesse momento percebi que não conseguiríamos tirar o Vic sozinhos, enquanto ele continuava no fundo da piscina, já sem se mexer...", refere Ansie.
Só quando os bombeiros chegaram conseguiram desligar o sistema do filtro "e finalmente conseguiram soltar o Vic. Penso que terá ficado debaixo de água durante 15-20 minutos". As manobras de reanimação prolongaram-se por 40 a 45 minutos e Vic foi levado em estado grave para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. "Foi imediatamente recebido pela equipa da unidade de cuidados intensivos pediátricos com carinho e com o melhor tratamento possível", reconhece a mãe.
"No sábado, dia 21 de julho, a ressonância magnética demonstrava que o cérebro do Vic estava gravemente afetado, incluindo o tronco cerebral, e tudo apontava para que estivesse em morte cerebral. Segunda-feira, dia 23, morreu nos nossos braços pela segunda vez", lamenta a família.
"O filtro devia estar tapado! A aspiração era tão forte que não ele nunca teve qualquer hipótese...é inacreditável que isto pudesse acontecer quando uma simples tampa o podia ter evitado...", acusa a família belga.