Os pais dos alunos do jardim-de-infância do Nogueira do Cravo, em Oliveira de Azeméis, continuam firmes na recusa da transferência dos filhos para um novo local proposto pela Câmara. Reconhecem que o atual espaço necessita de obras, mas garantem que tem “condições dignas” para os filhos.
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A Câmara de Oliveira de Azeméis já tinha garantido, conforme noticiou o JN, que a transferência das 23 crianças para um outro jardim de infância (Largo da Feira dos 27), numa escola centenária que está a sofrer obras de requalificação, irá traduzir-se numa melhoria substancial nas condições disponibilizadas às crianças. Esclareceu, ainda, que o espaço deixado livre será ocupado pela Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira, que ali vai instalar uma creche. Para isso, assumirá as necessárias obras de requalificação e pagar uma renda. A Câmara afirma que os investimentos traduzem-se num ganho efetivo de “dois mil euros mensais”.
Ao JN, os pais contestam estes argumentos. “Querem destruir o único jardim-de-infância que foi criado na freguesia para o efeito, dando como alternativa uma escola centenária que não oferece as devidas condições.”, afirma Sandra Ferreira. Esta mãe diz que a decisão da Câmara vai contra “a vontade dos pais, da assembleia de freguesia” e das cerca de mil pessoas que assinaram um abaixo-assinado contra a mudança. Sandra Ferreira adianta, ainda, que têm sido reivindicadas obras no atual jardim de infância, “mas ninguém as quer fazer”.
Outra mãe, Sara Mota, considera que o espaço proposto pela Autarquia “não vai, de maneira nenhuma, oferecer melhores condições". "Será um transtorno para as crianças”, sublinhou. “O nosso é um verdadeiro jardim-de-infância. Com um espaço exterior, casas de banho dentro de cada sala de aulas e uma cantina”, acrescentou.
“As crianças não vão ter as condições necessárias para o seu bem-estar”, observou Alcides Costa, acusando a Autarquia de “não estar a dialogar”.
Para além destes argumentos, os pais contestam as contas da Câmara e afirmam que o contrato com a Misericórdia prevê que, “no primeiro ano após a assinatura, a Santa Casa não pagará qualquer quantia". "Depois, durante 36 meses, pagará 50 euros por mês de renda, e posteriormente passará a pagar 500 euros (na melhor das hipóteses a partir do ano de 2028”, contabilizam, contrariando o ganho mensal de dois mil euros apontado pelo Município.
As contas da Câmara Municipal
“Pela disponibilização do espaço [atual jardim-de-infância], pelo período de 20 anos, a Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira propõe-se investir, entre a requalificação do espaço e o pagamento de rendas, cerca de 300 mil euros [parte da verba proveniente do PRR]. Se fosse a Junta de Freguesia a fazer este investimento, com o custo do dinheiro, o valor do investimento duplicaria. Não é, pois, verdade o que foi dito de forma panfletária, de que a Junta de Freguesia iria receber apenas 50 euros de renda por mês”, esclareceu a Câmara.
"Estaremos a falar objetivamente num beneficio de mais de meio milhão de euros em 20 anos, o que significa que esta cedência permite à Junta de Freguesia, um ganho mensal efetivo superior a dois mil euros nos 20 anos do contrato”, pormenorizou.