Quinta da Boeira reabilita imóvel restaurado por Teixeira Lopes. Será transformado em pequena unidade de luxo.
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Devoluta há um par de anos, depois de, ao longo do século XX, ter sido morada da família C. da Silva, ligada à exportação de vinhos do Porto, a casa apalaçada que o arquiteto José Teixeira Lopes restaurou junto à Quinta da Boeira e perto da casa que desenhou para o irmão, o escultor António Teixeira Lopes, no coração de Vila Nova de Gaia, vai ser convertida num mini-hotel de luxo.
O palacete erguido no século XIX foi adquirido neste ano pela sociedade da Quinta da Boeira, que, mais do que manter a ligação da casa ao mundo do vinho do Porto, quer preservar o património arquitetónico do edifício e vê-lo classificado pela Câmara de Gaia como imóvel de interesse municipal, revela Albino Jorge Sousa, um dos sócios da empresa.
"À sala de visitas da Quinta da Boeira adicionámos este palacete, do Teixeira Lopes, que vai ser uma minipousada e vai permitir receber clientes do vinho do Porto e jornalistas", adianta ainda o administrador, que prevê para o primeiro trimestre de 2021 o início dos trabalhos de reabilitação e adaptação.
MOBILIÁRIO DE ÉPOCA
Tendo a madeira como elemento predominante - além das portas trabalhadas e da requintada escadaria principal, esta matéria está também presente em tetos e paredes -, a casa conserva ainda mármores nas áreas nobres, e a sala de jantar preserva a assinatura de Teixeira Lopes, com toda a mobília desenhada pelo arquiteto. E há louças sanitárias de época. Tudo será salvaguardado, garante Albino Jorge, indicando que as peças de mobiliário que se encontravam no interior do imóvel foram adquiridas.
"Vamos manter as características. Fazemos tudo mantendo sempre as características dos imóveis e dando, ao mesmo tempo, salas de visitas a Vila Nova de Gaia. A nossa filosofia não é a do betão armado, mas sim a de recuperar o existente, dando-lhe utilizações de excelência. Conseguimos provar que é possível ganhar dinheiro sem estragar", sustenta o administrador da Boeira, cuja filosofia assenta no tríptico "vinho, arte e cultura".
Com dois pisos e águas furtadas, o edifício tem uma área de cerca de 700 metros quadrados e está implantado num terreno com três mil m2. "Os quartos vão ser transformados em sete suítes de luxo, os jardins recuperados e a antiga garagem será um salão para eventos", antecipa Albino Jorge.
O Boeira Port House - o mini-hotel já foi batizado - vai "fazer ligação direta à Quinta da Boeira [onde se encontra o Boeira Garden Hotel] através do jardim", revela o empresário, adiantando que há ainda a intenção de "fazer uma articulação com a Câmara de Gaia, que tem dado apoio em tudo, para que os visitantes desta casa passem também pelo Museu Teixeira Lopes, que é ao lado da Boeira".
espaço para eventos
"Está tudo interligado, e criámos aqui um circuito interessante", congratula-se Albino Jorge Sousa, que avança outro investimento: a aquisição de um armazém com três mil m2, que ficará ligado aos restantes espaços da Boeira e será destinado a eventos.