O lançamento do livro "Palavras Mudas", no sábado, constituiu o primeiro ato público da Biblioteca de Melres, concelho de Gondomar. A obra, de Marlene Azevedo, que cruza visões artísticas entre poesia e pintura, foi editada pela No Tag, do Porto.
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A funcionar numa antiga arrecadação junto à sede da União de Freguesias de Melres e Medas, o espaço está aberto ao público há dois meses. Os títulos foram organizados e catalogadas por Joaquim Soares, escritor e professor local.
"Estamos sempre abertos à Cultura, seja pintura, poesia ou outra forma de arte", disse o presidente da União de Freguesias de Melres e Medas, José Paiva. O autarca sinalizou que o lançamento sinalizou "o primeiro ato público" na biblioteca e destacou a "simbiose entre poesia e pintura" que encontrou na obra.
Marlene Azevedo disse que "Palavras Mudas" foi escrito em 2023, durante uma fase de insónias e que ao olhar para um pintura lhe surgiu a ideia. "Escrevi alguns poemas com base nas telas e desafiei nove artistas a pintar com base noutros poemas que agora estão no livro", lembrou. "Ao longo da vida deixamos muito por dizer. É importante dizer o que sentimos", argumentou a autora, que é também galerista e trabalha com artistas plásticos brasileiros e portugueses.
Um desses artistas, Paola Moreira, aceitou o desafio e disse que "foi um processo muito interessante" fazer uma pintura inspirada num poema. "Deixei-me envolver", explicou. "É muito gratificantes ver como a arte tem muitas formas de expressão", acrescentou a artista plástica brasileira a residir na Figueira da Foz.
Marlene Azevedo considerou "muito interessante ver o feedback aos poemas expresso em pintura" e explicou que, em "Palavras Mudas", se inspirou também no processo criativo dos pintores, na forma como se pinta um quadro, nas várias camadas necessárias até nascer a obra. "Devo isto aos meus pintores", disse.