Cinco anos depois de chegar à liderança da Câmara Municipal de Odivelas, um concelho com 144 mil habitantes, o socialista Hugo Martins orgulha-se de ver o município como um dos que mais gente jovem atraem na Área Metropolitana de Lisboa e de ter conseguido pôr em prática a reabilitação falada há mais de 40 anos, mas que não saía do papel.
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Perguntas e Respostas
Odivelas entrou em 2020 com uma série de projetos de modernização em curso, mas, com a pandemia que surgiu em março, não seria lógico que o ritmo de obras em curso abrandasse?
O período de pandemia não constituiu um período de estagnação na gestão municipal nem travou a estratégia de reabilitação. Não vacilamos e não deixamos de continuar a desenvolver os projetos e a cumprir as metas que tínhamos traçado. Achamos que era fundamental para recuperar a confiança, manter os postos de trabalho e dinamizar a economia. Por isso, temos 20 milhões de obra na rua em diversos setores, como a saúde, desporto ou educação.
Dentro desses investimentos, destaca-se a intervenção no Centro Histórico. Vamos ter uma "nova Odivelas"?
Dos 20 milhões de obra em curso, três dizem respeito às intervenções no Centro Histórico. Os trabalhos começaram no início do mês de junho. Estavam planeados, tinham candidaturas aprovadas e não foi a covid que os parou, por isso estarão concluídos até final do ano. O curioso é que eram obras que estavam pensadas e apalavradas há mais de 40 anos, mas nunca avançaram. O resultado final será uma cidade com mais segurança e conforto, onde haverá mais estacionamento, mais áreas pedonais e cicláveis, uma zona 30, e outras adaptações que irão permitir desenvolver o comércio local e trazer mais modernidade.
Modernidade que assume maior importância num concelho de população jovem. É por aí a aposta?
Claramente. E saliento que há seis anos consecutivos somos o concelho com maior taxa de natalidade do país. Estamos num processo de grande desenvolvimento e dinamismo, por isso críamos uma nova centralidade na Área Metropolitana de Lisboa. Odivelas não é hoje um concelho só procurado por estar nos arredores de Lisboa. A cidade deixou de ser um dormitório, tem um sentimento de pertença, uma identidade própria e tem sido geradora de uma dinâmica interna muito grande.
Ainda assim, não podemos fugir ao impacto da pandemia...
A covid obrigou em primeiro lugar a cuidar das pessoas, a dar a prioridade à saúde pública. No fundo a fazer tudo o que estava ao nosso alcance para acudir aos mais vulneráveis e dar todo o apoio às estruturas locais de autoridade de saúde e emergência. Foi o foco.
Mas houve também impactos económicos importantes...
É verdade que tivemos uma duplicação dos pedidos de ajuda num concelho, onde até março, tínhamos praticamente pleno emprego. Tivemos de tomar algumas medidas. Reforçámos em cerca de 50 mil euros o apoio ao movimento associativo e recreativo, aumentamos muito o apoio às famílias, nomeadamente, ao nível das ajudas nos custos da educação dos filhos. E muito importante: injetámos mais de 35 milhões de euros nas pequenas e médias empresas com alguns pagamentos a menos de seis dias, porque demos prioridade às suas faturas.
Uma forte machadada foi a anulação de muitos eventos no ano em que Odivelas é a Cidade Europeia do Desporto...
É verdade. Estávamos já com uma dinâmica fabulosa de eventos quando aconteceu a interrupção do mês de março. Infelizmente, esta distinção calhou-nos num ano de pandemia e ficámos bastante limitados para poder mostrar mais as nossas capacidades.
O desporto é uma aposta estratégica num concelho de população tão jovem?
Claramente. Basta referir que temos um pavilhão multiusos, 71 clubes e associações desportivas, com mais de 5000 atletas a praticar desporto federado. A isto acresce o investimento que temos feito no espaço público, que propicia as atividades de ar livre, de lazer e recreio. Há a lógica de Desporto para todos, Odivelas aplica este conceito de uma "cidade ginásio".
Finalmente o Mosteiro de Odivelas foi entregue ao Município em janeiro de 2019. Já há projetos para uma estrutura de tão grande envergadura?
Recebemos o mosteiro sem qualquer projeto, sem qualquer planta. Nem sabíamos onde passa a eletricidade ou as tubagens da água. Desde aí, estamos numa fase de estudos preparatórios que envereda por cinco vertentes. Primeiro, temos um projeto com o ISCTE de residência para 200 estudantes, o que vem trazer, além de juventude, massa crítica e dinamização económica. Em segundo, pretendemos a instalação do conservatório D. Dinis, que tem cerca de 600 alunos. Ali estará também o nosso Museu Municipal, com toda a história do mosteiro, com destaque para o túmulo de D. Dinis que está a ser aberto e estudado cientificamente. Alguns serviços da Câmara também ficarão ali sediados e finalmente vamos ter o Parque da Cidade, que será um ex-líbris do país e está neste momento a ser projetado. Terá sete hectares e será naturalmente uma das grandes referências e um parque temático, onde se valorizará a água e a natureza e se preservará a memória histórica.