Manuel, de 93 anos, e Casimiro, de 98, vivem em Cheira. Duas irmãs, de 90 e 100 anos, estão em Coimbra e Lisboa com os filhos.
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Quatro irmãos oriundos da aldeia de Cheira, em Penacova, já ultrapassaram os 90 anos e os outros dois, que já faleceram, também já tinham passado as nove décadas de vida. Dos quatro ainda vivos, dois habitam na aldeia e mantêm uma vida ativa, mas defendem não ter cuidados de maior para a sua longevidade.
"O corpo já não reage da mesma forma, mas vou-me entretendo". A frase é dita por Manuel Flórido ao JN, enquanto trabalhava numas terras junto a casa, em Cheira, Penacova. Em janeiro de 2022, Manuel Flórido completa 94 anos e ainda tem dois irmãos mais velhos: Casimiro, que mora a poucos metros de si, tem 98, e a irmã que vive em Lisboa já é centenária desde março. "Outra irmã que vive com um filho em Coimbra tem 90 anos. Houve um que morreu em 2018 com 92 e o nosso irmão mais velho morreu com 103", conta o antigo trabalhador da construção civil.
Apesar da idade avançada, nada impede Manuel Flórido de sair de casa e de trabalhar as terras. Ao chegar à aldeia, sempre que se perguntava por ele aos habitantes, a resposta era a mesma: "Deve estar nas terras, como está todos os dias".
Conduz todos os dias
Quando o JN esteve na Cheira, o irmão de Manuel, Casimiro, estava indisposto e acamado em casa da filha, mas quer esta quer o irmão confirmam que ele passa os dias fora de casa e não abre mão do carro. "Ainda conduz todos os dias. Sai de casa, vai dar a sua volta, almoça em casa da filha. Continua muito ativo", recorda Manuel. Completa que, ainda recentemente, conseguiu renovar a carta de condução.
Manuel Flórido vive agora na Cheira, mas esteve muitos anos emigrado em França. "Fui para lá com 18 anos, mas vinha cá três vezes por ano", lembra, tendo trabalhado cerca de meio século na construção civil. "Era pedreiro e carpinteiro, fazia de tudo um pouco", aponta.
O irmão Casimiro também trabalhou na construção civil, mas ficou por Portugal e pela Região Centro, trabalhando na Companhia Elétrica das Beiras, na zona da Lousã, sendo destacado para obras um pouco por toda a região. "O nosso irmão que morreu em 2018 viveu 70 anos sem uma perna, que cortou numa pedreira", completa Manuel Flórido
Os irmãos recusam haver um segredo para a longevidade da família. "O nosso sangue é forte e resistente", brinca Manuel, que toma apenas dois medicamentos por dia. Com três filhos, três netas e um bisneto, Manuel, tal como o irmão, não deixa de conduzir quando é necessário e diz que passar os 90 anos "é normal".
Sem notícias da irmã mais velha que já fez 100 anos
A irmã mais velha de Manuel e Casimiro Flórido celebrou, em março, 100 anos, mas os irmãos não têm notícias da matriarca. "Ela foi viver para a zona de Lisboa com os filhos e não temos tido notícias dela. Sabemos que está viva, mas não temos sabido nada", conta Manuel. A irmã mais nova vive com um filho em Ceira, nos arredores de Coimbra. "Viveu aqui na Cheira até há pouco tempo. Entretanto, o filho levou-a para morar com ele", aponta Manuel.