Grupo Ageas constrói empreendimento em Campanhã e Câmara do Porto arrendará as habitações. É o "primeiro grande projeto "build to rent"" no país .
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Com o objetivo de fazer face à crise habitacional, a Câmara do Porto e o grupo Ageas Portugal uniram-se para disponibilizar, dentro de dois anos, 124 habitações de rendas acessíveis destinadas à classe média, naquele que será "o primeiro grande projeto "build to rent" [construir para arrendar] no país", como adianta a autarquia ao JN. O Município já pôs no mercado de arrendamento quase 400 imóveis a preços mais baixos, os quais "são residência de 881 pessoas".
"Com rendas pelo menos 20% abaixo do preço praticado no designado mercado livre", os futuros 124 fogos do projeto Jardins do Oriente ficarão integrados num complexo de três edifícios que será construído pela seguradora na Rua de Bernardim Ribeiro, em Campanhã, e que terá um total de 151 apartamentos.
A proposta da parceria, no âmbito do programa Porto com Sentido, que já colocou 258 habitações no mercado desde 2020, será votada na reunião de Câmara de segunda-feira.
O projeto prevê que o Grupo Ageas invista na construção das habitações e estabeleça com o Município um contrato de arrendamento ao abrigo daquele programa de apoio à habitação, "promovendo arrendamento a preços acessíveis durante um período mínimo de dez anos, potencialmente prorrogável por igual hiato temporal", diz a autarquia. Os 124 fogos disponibilizados terão tipologias de T0 a T3, e as rendas vão variar "entre 525 e 950 euros, consoante a tipologia", indica ainda a Câmara, que ficará responsável pelo arrendamento dos apartamentos aos inquilinos, podendo também conceder subsídios de apoio à renda.
"Modelo a replicar"
"É um projeto inovador, em que fica provado que é possível envolver uma entidade pública, como o Município do Porto, e uma entidade privada, neste caso o Grupo Ageas Portugal, para criar valor para a cidade e para os cidadãos", destaca o presidente da Câmara. Rui Moreira adianta que este "será um modelo a replicar no futuro, enquanto mais um instrumento, conjuntamente com outros, para criar mais habitação com dignidade".
A construção do empreendimento, a cargo da empresa Garcia Garcia, deverá "arrancar até ao fim do ano e durará cerca de 24 meses para a execução total", revela ao JN o diretor do Grupo Ageas, Luís Menezes, sublinhando tratar-se de "um investimento que tem um forte pendor social, numa altura em que o tema da habitação é tão relevante e importante, nomeadamente a habitação a preços acessíveis".
"Estes projetos têm níveis de rendimento menores do que outros mais tradicionais de investimento imobiliário, mas é importante que empresas com uma visão de longo prazo, como é o setor segurador, queiram e possam apoiar os municípios ou o Estado nestes programas, na procura de soluções para os problemas da sociedade", salienta Menezes. "Podíamos investir com outro tipo de rentabilidade, mas é uma opção da empresa querer investir em algo que seja sustentável e apoie a sociedade", realça.