Num debate da Ordem dos Engenheiros e do JN, quatro candidatos à Câmara de Bragança acham estrada fundamental para o concelho.
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O presidente da Ordem dos Engenheiros da Região Norte, Bento Aires, destacou, no encerramento do debate, que o "grande desafio dos autarcas" é conseguirem "planear muito para além das necessidades locais". Acentuou que o próximo Executivo de Bragança "não deve ficar satisfeito com uma linha ferroviária banal e deve exigir que ela seja de alta velocidade e que ligue o Porto a Zamora ou Valladolid (Espanha)".
O acesso a Bragança por rodovia, ferrovia e por via aérea e a importância da engenharia na sua concretização, estiveram em destaque no debate que a Ordem dos Engenheiros da Região Norte promoveu, em parceria com o JN, ontem, na capital nordestina. Foram convidados os candidatos à presidência da Câmara. Compareceram Isabel Ferreira (PS), António Morais (CDU), Nuno Fernandes (IL) e Manuel Vitorino (Independente). Paulo Xavier (PSD) e Fernando Afonso (Chega) faltaram.
Isabel Ferreira elegeu como "preocupante" o processo da estrada de ligação de Bragança a Puebla de Sanábria (Espanha), "sob a responsabilidade da Câmara Municipal de Bragança", para cuja construção "foram atribuídos 29 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência". "A estrada não saiu do papel. O presidente da Câmara e candidato Paulo Xavier tem de explicar porque não foi capaz de realizar esta obra", acentuou.
Nuno Fernandes notou que a estrada é de "fundamental importância", porque "dá acesso à Autovia das Rias Bajas". Isto "permitiria à indústria do Norte fazer a ligação por Bragança", a "fixação de mais empresas" e "fomentar o turismo".
Para António Morais, aquela ligação deve ser feita "o mais rápido possível". "É urgente resolver este problema". Para Manuel Vitorino, aquela rodovia "é absolutamente prioritária".
Sobre o regresso do comboio a Bragança, Isabel Ferreira sublinhou que é "importantíssimo e crucial", no que respeita à "mobilidade". A falta dele é "uma das principais causas do isolamento em que o concelho ficou e tem de ser corrigido", de modo a tirar proveito da "posição central do ponto de vista ibérico e europeu".
Ligação de TGV
Nuno Fernandes notou que "o país deve a Bragança uma ligação ferroviária de alta velocidade", já que "Trás-os-Montes tem sido deixado para trás". Mais: "a ligação a Espanha é fundamental e até preferimos que iniciem a construção pelo troço Bragança-Zamora".
"Quem me dera que isso sucedesse, mas não acredito na ferrovia de alta velocidade em Bragança. Ter uma linha normal seria melhor do que não ter nada", sublinhou, por seu turno, Manuel Vitorino.
Quanto à transformação do aeródromo num aeroporto regional, Isabel Ferreira disse que "estiveram disponíveis verbas para se fazerem intervenções no terminal, mas não foram feitas e as verbas foram desperdiçadas". "Hoje, continuamos a ter um aeródromo sem condições, com telhado com amianto e bolor nas paredes, bem como péssimas condições de trabalho", criticou.
Nuno Fernandes frisou que "não tem razão de ser", sobretudo quando a União Europeia se prepara para "proibir os voos de curta duração, que seria basicamente o que funcionaria aqui". Manuel Vitorino concordou que o aeroporto regional "não tem grande pertinência".