Projeto para pulmão verde no Porto aguarda decisão do Ministério das Finanças. Tutela diz que processo foi atrasado pela pandemia.
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O projeto promete um vasto espaço verde com espelhos de água, atravessado por duas ribeiras, com percursos pedonais e cicláveis. O concurso público para a construção já foi lançado há mais de um ano, as obras adjudicadas em outubro, mas a criação do Parque Central da Asprela, no Porto, continua no papel, à espera de aval do Ministério das Finanças. Falta a reprogramação do Fundo Ambiental, pedida em março do ano passado. A tutela argumenta que o projeto está em avaliação e que o processo está atrasado devido à pandemia.
O futuro pulmão verde ficará entre o Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto (UPTec) e a Faculdade de Desporto. São cerca de 60 mil metros quadrados, nas traseiras do Hospital de S. João, com estação de metro e ladeado por várias faculdades e grandes áreas residenciais.
"É uma pena que isto esteja assim, um verdadeiro descampado, com muita vegetação daninha e onde até entulho agora depositam. Podia ser atravessável, mas as pessoas têm de contornar todo o campo ao abandono", descreve Sérgio Ferreira, que com os amigos costuma correr e fazer caminhadas por ali.
Com uma forte implantação residencial, a Asprela "precisa de uma zona onde as pessoas possam descontrair ao ar livre". A opinião é de Maria Ramos, residente naquela zona de Paranhos, que não compreende como é que "projetos essenciais para a vida numa cidade demoram tanto a arrancar".
Centenas de árvores
O projeto inclui a plantação de centenas de árvores, duas ribeiras, uma vasta rede de caminhos, pontes e passadiços, um campo de futebol e uma cafetaria. "As obras foram adjudicadas em outubro, é um longo trabalho feito pela autarquia, através das Águas do Porto, em colaboração com a Universidade e o Instituto Politécnico do Porto, mas continuamos neste impasse. No fundo, apenas à espera de uma assinatura", afirmou ao JN o vereador do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, que lamenta a "falta da reprogramação do Fundo Ambiental por parte do Ministério das Finanças, que foi pedida em março de 2019".
Muitos residentes até julgam que o projeto foi abandonado. E apontam para a placa a anunciar a obra e que se encontra já desbotada. "Até pensei que não iria haver parque e que tinham desistido mas ainda bem que o projeto continua de pé. Já chega de betão e as zonas verdes também são necessárias", considera Ana Moreira, residente e estudante da Asprela.
O JN questionou o Ministério das Finanças sobre a demora, tendo a resposta sido a de que "o processo encontra-se em avaliação à semelhança de outros", estando os trabalhos com atraso devido à pandemia do novo coronavírus.
Detalhes
Investimento
O investimento é de 1,9 milhões de euros: um milhão da responsabilidade do Fundo Ambiental e o restante da Universidade e do Instituto Politécnico do Porto e da Águas do Porto.
Evitar cheias
Um dos grandes objetivos da intervenção é o controlo hidrográfico da ribeira da Asprela, harmonizando aquele curso de água com todo o espaço verde.
Atraso
A obra, que tem um prazo de execução de 19 meses, foi adjudicada em outubro do ano passado à empresa Camacho Engenharia SA, que previa começar os trabalhos no início deste ano.