Cerca de 150 alunos de escolas de Gondomar, Paredes e Valongo plantaram 600 carvalhos.
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Os eucaliptos ainda dominam a paisagem do Parque das Serras do Porto, que une as serras de Gondomar, Paredes e Valongo. Mas o objetivo é que isso vá mudando ao longo dos anos, com sensibilização e até possíveis incentivos, no futuro, para que sejam plantadas mais árvores autóctones naquele território, tornando-o mais resistente aos fogos florestais.
A pensar nisso, 150 crianças dos 5.º e 6.º anos, de escolas dos três concelhos ajudaram, hoje, em Aguiar de Sousa (Paredes), a reflorestar cerca de dois hectares de terreno, plantando cerca de 600 carvalhos. A iniciativa surge no âmbito de um projeto da REN, mais alargado, que vai permitir a plantação de 11 mil carvalhos em 42 hectares do Parque das Serras do Porto até ao final do ano.
A animação era visível entre os mais novos que percorreram o terreno de pá na mão, cavando buracos e plantando árvores. "É preciso fazer o buraco, tapar bem a raiz e colocar o cone para proteger", explica Leonor Teixeira, da Escola Básica de São Pedro da Cova (Gondomar). "É importante plantar árvores autóctones?". "Sim!", respondem em coro os colegas. Também Rafael Ferreira e Pedro Santos, da EB 2,3 de Sobreira (Paredes) têm noção dessa importância de plantar "árvores que são originais do nosso país e não invasoras". "O eucalipto é invasor", comenta Pedro. "Houve muitos incêndios no verão em Portugal e queremos contribuir plantando árvores", acrescenta.
O autarca de Paredes, atual presidente da Associação Parque das Serras do Porto, estabelece que a meta é "ter cada vez mais árvores autóctones" que têm "um importante papel de resistência ao fogo". "Não podemos ter este coberto nos seis mil hectares" já que a grande "dificuldade" é que a maioria dos terrenos é privada, levando à opção por árvores de maior rendibilidade, como o eucalipto, assume. "Mas também é preciso olhar para a resiliência do território e já começa a estar na ordem do dia a ideia de incentivos para mudar o coberto. Se houver incentivos aos proprietários, a nível nacional, isso acontecerá mais rapidamente. Temos vindo a reivindicar isso", referiu Alexandre Almeida.
"Este é um projeto de ação que envolve a comunidade na construção de uma floresta mais forte e mais capaz de nos defender no futuro. Hoje as serras têm este aspecto, mas daqui a 20, 30 ou 40 anos serão mesmo um grande pulmão do Grande Porto, com carvalhos, medronheiros... com outro tipo de coberto vegetal. Este não é um projeto de curto prazo", ressalvou o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro. Já o autarca de Gondomar, Marco Martins, deixou um recado aos mais novos: "Isto é para vocês. Vocês é que têm de cuidar deste parque e preservá-lo para os vossos filhos e nossos netos. A vossa responsabilidade não é só plantar uma árvore, é vir cá tratar dela e vigiar que ninguém deite lixo no parque ou faça asneiras".
Durante a sessão, a REN doou uma viatura 4x4 à Associação de Municípios do Parque das Serras do Porto para ajudar na manutenção do espaço e prevenção de incêndios rurais.