Construção modular, criar duas novas centralidades urbanas e aumentar a oferta de casas com investimento privado ou de cooperativas são algumas das soluções apresentadas pelos candidatos à Câmara de Braga para resolver o problema da habitação. O tema esteve em cima da mesa no primeiro debate autárquico promovido pelo JN, que decorreu esta segunda-feira na sede dos Fenianos, no Porto.
Corpo do artigo
São dez os nomes que estão na corrida à presidência de Braga e um deles acabará por suceder a Ricardo Rio, que atingiu o limite de mandatos. Acusado pela oposição de "nada fazer" e de seguir a filosofia de Ricardo Rio, uma vez que integra o seu executivo há oito anos, João Rodrigues, candidato da coligação PSD/CDS/PPM, defendeu-se garantindo que Braga foi a cidade que "mais cresceu em termos absolutos nos últimos 12 anos". Para o futuro, o candidato afirmou que, caso vença as eleições a dia 12 de outubro, irá aumentar em 30% os terrenos com capacidade construtiva.
Do lado socialista, António Braga acusou a governação de Ricardo Rio de não ter tido "capacidade para planear" o município. "Braga não pode ser pensada apenas como um concelho isolado de contexto regional, Braga é um polo de atração na região, no distrito e para além do distrito. E nessa medida, é preciso ter em consideração as ancoras que sustentam essa atratividade", atirou o candidato da coligação PS/PAN. Braga, antigo presidente da Assembleia Municipal e ex-vereador da Cultura, defende que a solução para a crise da habitação no concelho passa pela construção de 500 casas modulares, para colocar no mercado de arrendamento a custos moderados, dirigida sobretudo a jovens famílias da classe média e da classe média baixa.
Financiamento privado
Para Rui Rocha, candidato pela Iniciativa Liberal (IL), a solução é clara: criar dois novos polos urbanos, "um deles puxado pela nova variante do Cávado, a Norte de Braga, e outro a Oeste puxado pela nova estação do TGV". "Temos que dizer a quem quiser investir em Braga, que tem aqui uma oportunidade, com planos de urbanização adequados, para criar duas novas centralidades, até digo, duas novas cidades", afirmou o antigo líder da IL. O candidato afiançou, ainda, que o tempo de revisão do novo Plano Diretor Municipal (PDM), restringiu novas construções, tendo levado a uma "violação das expectativas dos bracarenses".
Apesar de assegurar que a "habitação pública não é uma grande solução", Filipe Aguiar, candidato pelo Chega, acredita que a solução passa por "disponibilizar terrenos municipais, onde os privados possam construir", sendo uma parte a custos controlados e outra a custos de mercado.
Também o Bloco de Esquerda (BE) defendeu a ideia de "disponibilizar terras", mas, para que cooperativas e associações possam investir. "Andaram a aliciar imigrantes. Quem os foi chamar devia ter criado as condições necessárias. Preocuparam-se com os "hostels" e com a habitação nada", atirou o candidato. Já a CDU, que concorre com João Baptista, quer construir 1000 habitações através de verbas do Estado e Carlos Fragoso, do Livre, defendeu um aumento da habitação pública.
"BRT não é solução", garante a maioria dos candidatos
Um dos grandes desafios do município de Braga, identificados pelos vários candidatos, é a questão da mobilidade e, para a maioria, o sistema de Bus Rapid Transit (BRT) não é solução. No entanto, o projeto terá sido votado "favoravelmente" por todos os partidos, afirmou António Lima, candidato do Bloco de Esquerda (BE).
"O BRT não é adequado para Braga. Não pode circular onde as pessoas precisam dele", começou por afirmar António Braga, candidato do PS/PAN. Da mesma opinião partilha Filipe Aguiar, do Chega, que acrescenta que "o BRT não vai retirar carros das ruas" e só vai congestionar mais o trânsito.
Para Rui Rocha, candidato da Iniciativa Liberal", o BRT não é solução, mas também não a "abate", uma vez que "pode ser aproveitado, no futuro, para a construção, daquilo que deve ser a solução para uma década, que é o metro de superfície". O candidato independente, Ricardo Silva, disse querer "aproveitar a linha do BRT para fazer a implementação de um sistema coletivo, que consiga fazer ligação aos caminhos de ferro".
Mais longe vai o candidato do Livre, Carlos Fragoso, que defende a limitação de carros dentro da cidade e um aumento dos transportes públicos. Já o candidato da CDU, João Baptista, que defende um passe intermodal, garante que é "fundamental apostar na ferrovia", sobretudo na ligação com Guimarães, e ligar todas as soluções de mobilidade, incluindo o BRT. Quanto a João Rodrigues, candidato do PSD/CDS/PPM, a prioridade é concluir a variante do Cávado.