O tempo está de chuva, mas isso pouco parece importar a quem não dispensa um ou mais folares à mesa da Páscoa.
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Não admira, por isso, que na Feira do Folar e dos Produtos da Terra de Carrazeda de Ansiães, que termina no sábado, esteja a haver um corrupio de gentes. As que vão vender e têm de ser reabastecidas e as que vão comprar e chegam cedo antes que acabe.
A iniciativa é da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães e decorre na nave do centro empresarial com 40 produtores, dos quais 12 são de folar.
Alexandra Borges está no stand do Folar das Eiras, produzido na freguesia da Fontelonga, com Ricardo Borges e Paula Marina Machado. Não têm mãos a medir para satisfazer a procura de “folar de carne, folar doce, biscoitos de limão e bolos económicos”.
Alexandra destaca que o folar é feito em “forno aquecido a lenha”, o que lhe dá caraterísticas diferenciadoras. A primeira “fornada” de 80 folares de carne deve dar para os dois primeiros dias, mas admite que “vai ser necessário reforço”. A mãe e a tia ficaram no forno da aldeia para assegurar que não haverá interrupção no fornecimento de folar de carne, que está a ser vendido a “16 euros por quilo”.
Enquanto Alexandra e companhia participam pelo segundo ano consecutivo, Albino Magalhães, de Pombal de Ansiães, estreia-se nesta edição. Em menos de duas horas vendeu todos os “15 folares de carne, 15 doces e outros tantos pães de centeio” da primeira fornada, assegurada pela mulher, que trabalhou 26 anos numa padaria da aldeia.
“Eu ajudei a fazê-los. Há quatro dias que estou lá a ajudar a fazer folares, biscoitos e pão”, atira Albino, como para não deixar dúvidas de que a sua função não se limita a estar na feira. Vende a “15 euros o quilo do folar de carne, seis euros se for doce, a quatro euros o saquinho de biscoitos e o pão de centeio a um euros e meio”.
O renomado folar de carne de Valpaços, com Indicação Geográfica Protegida, está presente no certame de Carrazeda de Ansiães pelo terceiro ano consecutivo. A representação cabe a Elisabete Santinho da Pastelaria Royal. Tem a montra composta, também, por bolos económicos, pão de centeio, pão com chouriço, pão com azeitonas e bola de azeite. “O folar é o que se vende mais”, admite Elisabete, satisfeita por transacionar todos os que leva, que em média são “à volta dos 200”. Pratica o mesmo preço tabelado para a comercialização da Feira do Folar de Valpaços, que é de 14 euros por quilo.
O presidente do Município de Carrazeda, João Gonçalves, explica que são três dias de certame para “dar visibilidade e valorizar” as iguarias típicas da Páscoa, bem como vinho, azeite, fumeiro, frutos secos, mel, cogumelos, entre outros produtos de concelho que dirige.
Além da nave do centro empresarial, a feira do folar estende-se a uma tenda anexa para acolher mais expositores, nomeadamente os da gastronomia, e a animação. João Gonçalves nota que se pretende criar “um ambiente que permita cativar as pessoas para permanecerem algumas horas no espaço”.
Na animação destaca-se, no sábado à tarde, o Festival Cultural Douro Superior com Vida e Movimento, promovido pela Associação de Municípios do Douro Superior, em parceria com os oito municípios que a constituem: Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mêda, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa.