Em dez anos, houve quase dois milhões de visitantes de 141 países. Só no setor do alojamento, impacto é de oito milhões.
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Com perto de 1,9 milhões de visitantes oriundos de 141 países e um impacto económico superior a oito milhões de euros no setor do alojamento, os Passadiços do Paiva assinalam este mês uma década como o projeto que colocou Arouca no mapa do turismo mundial.
Em apenas dez anos, os Passadiços do Paiva transformaram radicalmente o território e a economia de Arouca. Com uma extensão de 8,7 km ao longo das margens do rio Paiva, inseridos no Arouca Geopark (com selo da UNESCO), tiveram um efeito dominó em toda a região.
O impacto económico é expressivo. Só no setor do alojamento, estima-se que tenham gerado mais de oito milhões de euros, desde 2015. O número de empreendimentos turísticos quase triplicou – dez em 2014; 28 em 2025 –, e o alojamento local registado passou de uma para 140 unidades. O setor das empresas de animação turística, quase inexistente há uma década, também floresceu: havia um, agora há 23 agentes operacionais. Até a primeira unidade hoteleira de cinco estrelas do concelho foi inaugurada recentemente.
Há “um antes e um depois”
A presidente da Câmara de Arouca não hesita em considerar que o balanço é “extremamente positivo”, sublinhando que há um “antes e um depois” dos Passadiços do Paiva. “Esta infraestrutura mudou profundamente a forma como Arouca se projeta e se afirma no contexto nacional e internacional”, explica Margarida Belém. “O impacto foi absolutamente avassalador”, reforça a autarca, acrescentando: “Temos operadores turísticos sediados no Porto a virem diariamente a Arouca com grupos, na maioria estrangeiros, para visitar os passadiços e a ponte 516 Arouca”.
A infraestrutura, que inicialmente teve entrada livre, enfrentou desafios de gestão logo no primeiro ano devido à procura massiva: só no verão de 2015 recebeu 300 mil pessoas. “Rapidamente percebemos que era necessário rever o modelo de gestão”, adianta Margarida Belém. “Houve também a necessidade de trabalhar de forma articulada com todo o setor turístico, de forma a garantir que o território e os diferentes agentes – do alojamento, restauração, animação turística – estavam preparados para uma resposta ajustada a esta procura turística”, recorda. Outro desafio constante tem sido a resposta à sazonalidade e aos incêndios: “Já enfrentámos três encerramentos devido a fogos florestais, mas a área ardida foi reconstruída e os passadiços estão integralmente operacionais”.
A autarca explica que a prioridade não é alargar os passadiços, mas “qualificar o que já existe”. A aposta passa por melhorar a experiência de visita, valorizar a operação turística no local e diversificar os pontos de interesse no concelho: desde as minas de Rio de Frades, à segunda fase de requalificação do Mosteiro de Arouca, passando pela aposta no turismo de luxo e no segmento corporativo. “Queremos que os passadiços sejam o ponto de entrada, mas que a experiência não se esgote aí. Estamos a trabalhar para que todo o território seja um destino de visitação consolidado, atrativo e sustentável”, afirma.
Ponte pedonal suspensa é chamariz
A 516 Arouca é uma ponte pedonal suspensa com 516 metros de comprimento e 175 metros de altura, uma das maiores do Mundo e um autêntico chamariz de visitantes. Inaugurada em 2021, liga as margens do rio Paiva junto à cascata das Aguieiras, no Arouca Geopark. É uma estrutura de engenharia que se tornou rapidamente um ícone turístico da região.
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Reconhecimento
Os Passadiços do Paiva catapultaram Arouca para o mapa do turismo mundial. Foram capa e destaque em publicações como “The New York Times”, “El País” e “National Geographic”. O projeto soma 27 prémios nas áreas do turismo, ambiente e arquitetura, entre os quais 20 World Travel Awards, os chamados “Óscares do Turismo”.
Abertos todo o ano
Margarida Belém recorda que os passadiços estão abertos todo o ano (só encerram no dia 25 de dezembro): “Assegurar recursos humanos para o funcionamento, com natural ajuste de acordo com a procura, tem sido outro dos desafios”.