Grupo de alunos da escola secundária do Marco de Canaveses está a colaborar em projecto internacional que integra universidades americanas e a NASA. Entusiasmo até faz esquecer as férias escolares do Natal.
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Por estes dias, pausa natalícia no calendário escolar, um grupo de alunos da escola secundária do Marco de Canaveses anda, literalmente, com a cabeça no espaço. E à caça. As presas desejadas são asteróides. Durante as férias, estão a ajudar peritos espaciais americanos - esses mesmo, da NASA - , analisando imagens digitalizadas da órbita terrestre, em busca dos ansiados asteróides. Até ao dia de Natal, o grupo encontrou cinco "suspeitos". Caso se confirmem os achados, os alunos marcoenses ganham o direito de baptizar os asteróides. E de se apresentarem como efectivos descobridores.
"Quando descobrimos alguma coisa, mesmo que não seja um asteróide, é muito gratificante. Pensamos logo que vamos ser cientistas", sorri Susana Pinto, estudante que não esconde o entusiasmo com que encara a tarefa. "É uma experiência que, se calhar, nunca mais vamos ter na vida", acrescenta a colega Ana Rita, durante uma sessão de pesquisa acompanhada pelo JN.
A Campanha Internacional de Caça aos Asteróides envolve 13 escolas portuguesas e 15 estabelecimentos de ensino do outro lado do mundo, lá longe, na China. A coordenação internacional da iniciativa está a cargo do professor universitário Patrick Miller.
Na escola secundária do Marco, a caça é suportada pelo Clube de Astronomia, que trabalha em colaboração com diversas entidades, entre as quais a NASA e a Universidade Hardin-Simmons.
O grupo de observadores marcoenses é, na esmagadora maioria, composto por alunos do 10ºD. Mas há também estudantes dos cursos de Artes e Multimédia, que se juntaram à equipa de pesquisadores por curiosidade.
O esquema de trabalho já está automatizado. Os jovens analisam, através de imagens digitalizadas, "bocados" da órbita terrestre capturados por telescópios do observatório do Astronomical Research Institut, em Charleston, Illinois, nos Estados Unidos.
Antes de serem enviadas por e-mail, as imagens são preparadas na Universidade de Hardin-Simmons, no Texas. Uma vez na posse das imagens, os alunos analisam-nas com o programa informático Astrometrica. "É um programa austríaco, que permite analisar imagens capturadas por telescópio. Para aprender a trabalhar com o programa foi ministrada formação aos professores, no Núcleo Interactivo de Astronomia do Centro de Interpretação Ambiental da Ponta do Sal, em Cascais", explicou Margarida Mateus, a docente que está ao leme do Clube de Astronomia da escola secundária do Marco.
Os relatórios elaborados pelos alunos/pesquisadores vão para Hardin-Simmons. Se a descoberta de asteróides ou da existência de objectos próximos da terra se confirmar, os voluntários da International Asteroid Search Collaboration fazem a comparação com imagens obtidas no Sierra Stars Observatory. Caso se confirmem, as descobertas são reportadas ao Centro de Planeta Menores, em Harvard.
Margarida Mateus recorda que o histórico de impactos de meteoritos com a Terra "demonstra que estas colisões podem ter consequências determinantes na histórica do nosso planeta".
"Ocorrem diariamente múltiplas colisões entre objectos celestes de pequenas dimensões e a Terra", observou, por sua vez, Diogo Dinis, outro dos alunos que decidiu passar as férias à caça de asteróides e que já tem a lição na ponta da língua.