Paulo Pereira: "O nosso objetivo é garantir o acesso universal a água segura em Baião"

 Segundo o autarca, a atual taxa de cobertura do concelho revela uma “franca evolução da população servida pelo sistema público de abastecimento de água”. Exemplifica que, em 1995, a cobertura era de “21%”, em 2019 passou para “68%” e em 2023 já tinha atingido “81%”.

O que falta investir para continuar essa evolução?

Desde 2006, foram investidos cerca de 30 milhões de euros nas redes de água e saneamento. Destes, 10 milhões de euros foram investidos pela Águas do Douro e Paiva, destacando-se os dois projetos concluídos no último ano: a Nova Origem de Abastecimento de Água e o Abastecimento a Valadares. São projetos que reforçam a segurança do fornecimento de água no concelho. Contudo, apesar dos progressos, a Águas do Norte estima que serão necessários mais 27 milhões de euros para se atingir as metas de cobertura desejadas. Para já, o Norte2030 prevê um investimento de 3,5 milhões de euros.

Para o Município de Baião tem sido vantajoso integrar o sistema da Águas do Douro e Paiva?

A adesão do Município de Baião a sistemas multimunicipais, baseou-se em três razões: a procura de uma solução alternativa, face à existência de episódios de arsénio e radioatividade que foram detetados em alguns furos de abastecimento; o facto de, à altura, apenas os municípios agregados terem acesso a fundos comunitários; e a convergência dos tarifários praticados pelos municípios e entidades gestoras, permitindo a recuperação tendencial dos custos e uma gestão sustentável dos recursos. Acresce que Baião beneficiaria do efeito escala a nível dos tarifários, por integrar um sistema alargado.

Que outros desafios se colocam para o futuro?

Em territórios como o nosso, os desafios são sempre muito exigentes, mas é também isso que nos motiva. O nosso objetivo é garantir o acesso universal a água segura em Baião, através da expansão da rede pública, e proteger os recursos hídricos essenciais aos ecossistemas, através de uma gestão sustentável da água, focada na circularidade e prevenção de escassez.

O que tem sido feito para reduzir perdas de água?

A questão das perdas de água está ligada, principalmente às redes em baixa, geridas pela Águas do Norte. Os dados disponíveis indicam uma boa qualidade do serviço, conforme parâmetros da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). Para tal contribui o Plano de Controlo Ativo, que inclui ações como a verificação noturna de fugas, instalação de equipamentos de medição, manutenção de válvulas redutoras de pressão e gestão especializada de pressões e fugas. No sistema em alta, em 2023 a Águas do Douro e Paiva captou 105 milhões de metros cúbicos de água e registou apenas quatro avarias por cada mil quilómetros de condutas. Um desempenho derivado da renovação de equipamentos, medição de caudais e modernização dos sistemas de automação e telegestão.

O Município de Baião tem sensibilizado a população para usar o recurso hídrico de forma mais consciente e sustentável?

Os municípios, como promotores de políticas locais de desenvolvimento, devem ser os primeiros a traçar na sua rota o desenvolvimento sustentável. Contudo, este desígnio só terá sucesso com o envolvimento de todos, através de cidadania interveniente, consciente e informada. É nesta perspetiva que a Câmara e a Águas do Douro e Paiva, para além de outras entidades, têm desenvolvido ações de sensibilização junto da comunidade escolar e população em geral, através das redes sociais, conferências, ações nas escolas, entre outros. Por exemplo, no Dia Nacional da Água, a 1 de outubro, foram distribuídas garrafas reutilizáveis aos alunos do concelho e serão colocados bebedouros nas escolas, numa ação de sensibilização para um consumo mais sustentável e redução do plástico.