Os representantes dos trabalhadores da refinaria em Leça da Palmeira, Matosinhos, deslocaram-se, esta segunda-feira, a Lisboa e foram recebidos por Jerónimo de Sousa, tendo o secretário-geral do PCP considerado que o fecho anunciado é um "crime económico".
Corpo do artigo
Para o líder comunista, "a decisão está tomada [pela Galp], mas não concretizada", pelo que "pode ser revogada".
Na terça-feira, dada a sua importância, o tema vai ser debatido na reunião de Câmara de Matosinhos, com a presença garantida dos sindicatos e da Galp, a convite da autarca Luísa Salgueiro.
Para quarta-feira, está marcado um plenário dos trabalhadores, na refinaria. Servirá para "delinear processos de luta para inverter a decisão anunciada pela administração", como adiantou o sindicalista Telmo Silva.
Nas instalações do PCP, Jerómimo de Sousa falou em "falsos argumentos e mentiras". Para o secretário-geral, a transferência das operações de Matosinhos para Sines "não terá qualquer impacto no ambiente global". Na sua opinião, trata-se de "uma opção económica da Galp, em que a "etiqueta" ambiente serve para que a operação seja financiada com fundos públicos".
O dirigente comunista alerta que, se por qualquer motivo, a refinaria de Sines encerrar temporariamente, "o país passa a ficar dependente da importação". Para Jerónimo de Sousa, "a alternativa no horizonte não é Sines, mas sim a Galiza e a refinaria da Repsol na Corunha".
A convicção do PCP é a de que "sendo o Governo o segundo maior acionista da Galp [através da Parpública, o Estado possui 7% da petrolífera], tem os instrumentos necessários para travar" o encerramento. "Mas é preciso querer, e não quer. O enfeudamento de PS, PSD e CDS aos interesses do grande capital na Galp é antigo e tem sido bem recompensado ao longo destes anos de gestão privada", criticou.
Telmo Silva, sindicalista e membro da Comissão de Trabalhadores, que também esteve em Lisboa, saiu agradado do encontro, certo que o PCP "está contra a situação e determinado em segurar os postos de trabalho".
Sobre a hipótese, adiantada na edição desta segunda-feira do JN e relativa à instalação de uma refinaria de lítio em Leça da Palmeira, no seguimento das negociações a envolver a Galp e o Ministério do Ambiente, Telmo Silva optou pela prudência, furtando-se, para já, a comentários. "Sobre o lítio não falamos [com o PCP]. Não temos qualquer conhecimento oficial, a não ser pela Imprensa. Não podemos falar de cenários hipotéticos", justificou.
No Parlamento, o PCP solicitou a audição urgente do minstro do Ambiente, Matos Fernandes. O deputado Duarte Alves confia que acontecerá na primeira quinzena de janeiro.
O partido PAN - Pessoas-Animais-Natureza questionou o Ministério do Ambiente sobre se a reconversão numa refinaria de lítio vai avançar e "caso se concretize, se o Governo vai garantir a reintegração dos trabalhadores afetados por este iminente despedimento".