O programa de mobilidade ativa da Ciclaveiro, que promove 12 percursos a pé e de bicicleta para a escola e envolveu 225 crianças e 116 pais voluntários, precisa de apoios para ter seguimento no próximo ano letivo.
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O projeto Pé Pedal, desenvolvido no ano letivo que agora termina pela associação Ciclaveiro em parceria com o Agrupamento de Escolas de Aveiro, permitiu evitar cerca de 2200 deslocações de carro para os estabelecimentos de Pré-Escolar e 1.º Ciclo da Vera Cruz, Barrocas, Glória e Santiago. Nos ‘comboios’ a pé ou de bicicleta, inscreveram-se 225 crianças, que foram guiadas por 116 pais voluntários em 12 percursos distintos (nove a pé e três de bicicleta) para chegarem em segurança às escolas. Os dados foram avançados, este domingo, durante uma concentração que juntou as famílias. Agora, a Ciclaveiro luta para conseguir apoios que permitam dar seguimento ao projeto no próximo ano letivo, criando regularidade nas ações para mudar hábitos de mobilidade.
“O balanço é positivo. Num universo de cerca de mil crianças, as várias iniciativas impactaram um número considerável”, afiança Maria Miguel Galhardo, presidente da Ciclaveiro, explicando que permitiram reduzir “o uso do automóvel”, que foi substituído por modos ativos, que permitem que os mais pequenos façam “atividade física, socializem e conheçam o território”.
“Foram validadas 2200 viagens, ou seja, crianças que chegaram a pé ou de bicicleta e não de carro”, o que equivale a “1820 quilómetros percorridos a pé de bicicleta, em vez de carro”, especifica Galhardo.
Os pais gostaram de tal forma que, alguns que moram longe, levavam os filhos de carro até um ponto do percurso para eles fazerem a última parte da viagem a pé ou de bicicleta. E as crianças parecem satisfeitas, a avaliar pela felicidade de André, de nove anos: “Adoro, vou todos os dias de bicicleta para a escola”. E do amigo Gaspar, cinco anos: “Vou de bicicleta, não é muito longe”.
Sedimentar hábitos
De acordo com a presidente da Ciclaveiro, para além da necessidade de se melhorarem algumas vias, é preciso mobilizar as pessoas nas escolas e conseguir que o poder político “olhe para isto de forma séria. Estamos a procurar financiamento para conseguirmos contratar recursos, porque não é possível manter isto com base no voluntariado”.
“A nossa experiência diz-nos que atividades pontuais não têm a regularidade necessária para sedimentar hábitos”, acrescenta Maria Miguel Galhardo, sublinhando que o objetivo é conseguir que os alunos mantenham estes hábitos e se vão tornando “autónomos” a partir do 2º Ciclo. A iniciativa Consultório Médico Pé Pedal também chegou a 805 crianças, que foram sensibilizadas para a importância dos modos ativos de deslocação através de uma equipa de profissionais de saúde.