Há dezenas de reformados de Gondomar que esperam, desde o início do mês, pelos vales para levantar as pensões. Sem meios de subsistência, estão a desesperar pelo atraso das cartas, até porque as faturas não deixaram de ser entregues na respetiva caixa de correio.
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Os CTT admitem que na origem do problema poderá estar um "erro de distribuição". A entrega dos vales deveria ter ocorrido entre os dias 6 e 8.
A Segurança Social afirma não ter "conhecimento de algum problema que esteja a ocorrer com o pagamento das pensões por vale postal", mas garante estar em contacto com os CTT "para averiguar o que se possa ter passado".
O certo é que a situação foi reportada à instituição na semana passada por Joaquim Duarte Pereira, de 68 anos. "Deram-me o código do vale (que ronda os 400 euros), emitido no dia 2. Foi um problema com os Correios", conta.
O erro terá sido consequência de um caso positivo de Covid-19 no Centro de Distribuição Postal (CDP) de Gondomar. A equipa terá ficado de quarentena no mesmo período de entrega de vales, passando o serviço a ser feito por "trabalhadores temporários, ajudas pontuais da rede de terceiros e carteiros de outros CDP", justifica fonte oficial dos CTT. No entanto, a empresa assume que os funcionários substitutos "não tinham um conhecimento da zona como os anteriores". Ora, essa alteração terá provocado "algum erro de distribuição e algumas devoluções de vales postais por motivo de morada insuficiente ou inexistente".
Emitir segunda via
Perante o atraso na entrega das reformas, Joaquim Duarte decidiu fazer uma queixa. "Fui à loja dos CTT na sexta-feira e pedi para escrever no livro de reclamações porque não sabiam do vale", relata, acrescentando que continua a receber outras cartas. No entanto, o desagrado do pensionista levou a empresa a garantir a emissão de uma segunda via. Mas, até ontem, continuava sem receber o vale.
Na mesma situação de Joaquim estão "várias dezenas" de reformados, revela o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, que confirma o problema e está a acompanhar o caso.
"Já referenciámos alguns idosos que estão nesta situação. Agora estamos à espera do feedback da Segurança Social", explica o edil, indicando as freguesias de Fânzeres e Baguim do Monte como as zonas do concelho com maior incidência de casos.
Sem especificar como nem quando deverão resolver o problema, os CTT dizem estar a procurar "através de todos os meios que têm ao dispor mitigar os eventuais impactos deste acontecimento".
Entretanto, Joaquim Duarte Pereira continua sem receber a sua única fonte de rendimento e fica com dúvidas sobre se alguma vez será entregue. O gondomarense diz ainda ter receio que o problema volte a repetir-se em maio.
Detalhes
Problemas
Existem várias queixas de atrasos na entrega de correspondência no concelho de Amarante. Também o serviço de expedição de encomendas está a funcionar com falhas. Em vez dos habituais 24 carteiros, estão agora apenas cinco a assegurar o serviço.
Pergunta ao Governo
O Bloco de Esquerda quer saber se o Governo tem conhecimento do atraso na distribuição de correio em Amarante e quais serão as diligências a tomar para garantir o urgente normal funcionamento. O partido acrescenta que o atraso da distribuição postal está "relacionado com alegada contaminação" por Covid-19.