A pequena Inês era uma menina cheia de vida. Ontem de manhã espreitou à janela, empoleirou-se no gradeamento e acabou por cair de uma altura de 14 metros. O irmão de sete anos ainda tentou segurá-la mas em vão. A menina de três anos acabou por morrer.
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Américo Pereira terá sido a única testemunha ocular do acidente, ocorrido por volta das 8.45 horas, na Avenida Beato Nuno, em Fátima. Ainda em choque, este empregado de mesa de um hotel localizado mesmo ao lado do prédio, recorda os momentos trágicos da pequena Inês.
“Ia a pé para o hotel e vi algo a cair. Pensei que era uma peça de roupa, talvez uma camisa” conta Américo recordando que sentiu “qualquer coisa” e apressou o passo. Atravessou a estrada e viu “uns sapinhos”, pelo que se percebeu de imediato que se tratava de uma criança.
“A menina estava de costas e com a cabeça ensanguentada” refere Américo, 54 anos que depois de ter percebido que a menina ainda respirava ligou de imediato para o 112. “Os bombeiros chegaram três ou quatro minutos depois” assegurou, frisando que “já nada havia a fazer”.
“Eu tinha a minha cara encostada e percebi que respirava. Mas depois vi um gestozinho... a menina a mexer a cabeça e os braços e percebi que tinha morrido” recorda Américo. Conta ainda ter visto o irmão de Inês, de sete anos, que “tentava segurara na irmã”, e depois a mãe, que estaria em casa. “Estou chocado com tudo” diz Américo, garantindo que “nunca” irá esquecer o que viu na manhã de ontem.
Este empregado de mesa dirigia-se para o hotel onde está a decorrer uma acção de formação com um médico do INEM, sobre primeiros socorros. “Hoje (ontem) iríamos falar de crianças”, conta, recordando que na ocasião chamou o formador que prestou a primeira ajuda à menina.
A família da menina é natural do concelho de Ourém, mas vivia há pouco tempo num quarto andar em Fátima. A mãe, 32 anos, trabalha num estabelecimento comercial, e o pai de 35, na construção civil. O casal tem três filhos, um rapaz com sete anos, a Inês de três anos e um menino de 10 meses.
A família foi encaminhada para o Hospital de Santo André, em Leiria, para receber apoio psicológico, assegurou o comandante dos bombeiros de Fátima. António Gaspar diz ter feito vários pedidos de apoio, “inclusivé ao INEM e a particulares e foram todos recusados”. Depois decidiu contactar a Câmara de Ourém que disponibilizou técnicos de acção social que acompanham a família.