Câmara de Matosinhos cedeu espaço onde foram construídos 14 dos 43 carros.
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São 43 os carros que hoje à tarde desfilam no cortejo académico da Queima das Fitas do Porto. Um percurso mais curto, por força maior das obras do metro, na zona dos Clérigos, que tem início na Rua de Camões, junto ao viaduto de Gonçalo Cristóvão, e termina na Praça General Humberto Delgado, onde estará montada a tribuna.
Uma verdadeira enchente é esperada na Baixa - 300 mil pessoas da academia mais 100 mil do público em geral - o que vai obrigar a vários condicionamentos e alterações de trânsito. Isto porque apesar do trajeto do cortejo ter pouco mais de 450 metros, o ponto de encontro dos alunos será na Praça da República e o alinhamento dos carros será feito na Rua de João das Regras até, sensivelmente, ao Hospital de Santa Maria.
O cortejo será "o explodir de todas as emoções", depois de dois anos em que a academia esteve impedida de festejar, e de mais de uma semana em que os alunos se dedicaram com afinco à decoração dos carros.
Este ano, fruto da "boa vizinhança" com a Câmara de Matosinhos, o Município cedeu à Federação Académica do Porto (FAP) "um antigo espaço de uma fábrica", na Avenida D. Afonso Henriques, para a feitura de 14 dos 43 carros do cortejo.
Logo atrás do espaço que serviu de "covidário" durante a pandemia, Francisco Almeida, responsável pelas atividades académicas da FAP, referiu "a mais-valia" de estarem "a dez minutos do Queimódromo".
Numa das paredes do armazém, diariamente foi sendo feita a contagem decrescente dos dias até ao cortejo. "Estará tudo pronto a tempo?", foi a questão mais colocada e, de retorno, embora não parecesse, foi-nos dito: "Claro que sim!".
A meio do espaço, uma coluna com música de Katy Perry animava os estudantes. Mas o som frequentemente era interrompido pelo corte de ripas de madeiras e pelo martelar de estruturas.
"Ainda não parece, mas o carro será dedicado ao [ogre verde] Shrek", contou ao JN uma das alunas de Direito, dando conta que estavam há quatro dias a trabalhar, "das 14 até 23 horas".
Ao lado, as mãos frenéticas das alunas de Enfermagem pareciam não chegar para as flores de papel que ainda eram precisas fazer. E os dedos "já doíam". Já o curso de Gestão da Universidade Católica seguia empenhado na feitura de um jogo do Monopólio.
Hoje, no Queimódromo, Quim Barreiros atua pela 33.ª vez, seguido de Ana Malhoa e Saúl.
Propinas altas e falta de alojamento acessível
SErviço social
"Fazem-nos apertar o cinto e nem calça temos" é o mote do carro do Instituto Superior de Serviço Social, cujos alunos vão criticar a propina mensal de 305 euros que pagam e a falta de alojamento a preços acessíveis que existe. Margarida Lobato (à direita), de Melgaço, diz que paga "700 euros de renda por um T0".
Nutrição
O carro da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação é dedicado ao "edifício-fantasma" que o curso ocupa, na zona do Campo Alegre, "sem bar nem cantina, onde não temos acesso à biblioteca após as 18 horas", revelaram ao JN Simão Pereira, 20 anos, e Raquel Henriques, de 21.