A notícia chegou de madrugada, nove horas após a queda do viaduto no IP4. Dois agentes da PSP bateram à porta da moradia em Matosinhos para comunicar aos pais e à irmã que foi Francisco quem perdeu a vida sob os escombros.
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A esposa, Gina Maria, passou a noite em claro, tomada pela preocupação, no apartamento onde o casal residia em Ermesinde, mas nunca suspeitou o pior.
"Ele trabalhava em Murça e fazia a viagem todos os dias. Desde que o conheço, sempre foi assim. Ontem [anteontem], o Francisco estava a regressar do trabalho. A mulher ainda conseguiu falar com ele por telefone às 19 horas. Depois, nada mais soubemos", conta Aurora Mendes, cunhada de Francisco Augusto Pereira, que completou 43 anos em Janeiro. Deixa uma filha de 26 anos.
A esposa repetiu, vezes sem conta, as chamadas para o telemóvel do empresário. Sempre sem resposta. "Não atendia, mas a Gina nunca pensou numa coisa destas. Achava que tinha ficado a dormir em qualquer lado", confessou Aurora, debruçada sobre a porta: "Foi um roubo. Perdemos uma pessoa querida, uma pessoa boa". A família está destroçada. Resta a memória do dinamismo do empresário. "Era alegre, divertido e adorava conviver com a família", lembrou. Não raras vezes, regressava à casa onde passou a juventude para jantar com os pais. Conduzir era uma das suas maiores paixões. Nunca dispensava os motores. Além do BMW, tinha um Subaru. "Gostava muito de montar e desmontar carros. Transformava todos os carros que tinha. Era a paixão dele", atenta. Nos tempos livres, participava em corridas amadoras com os amigos.
O corpo está na capela, junto à igreja matriz de Matosinhos. Familiares e amigos prestam homenagem deste ontem.