Uma gestão mais sustentável da água, modernização das infraestruturas de distribuição e a ligação com outras baciais hidrográficas, nomeadamente, a do Guadiana, é uma das principais conclusões do relatório sobre o Perímetro de Rega do Mira (PRM), apresentado esta terça-feira.
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O Plano de Impactos da Produção e Comercialização de Pequenos Frutos (PIPCPF), divulgado pela Lusomorango-Organização de Produtores de Pequenos Frutos e a consultora YE, revela a importância económica e potencial da atividade agrícola do PRM, enquanto gerador de emprego no concelho de Odemira, com fortíssimo impacto na freguesia de São Teotónio/Zambujeira, onde se localizam estufas.
Uma das conclusões tem a ver com a diminuição do volume de água fornecida aos agricultores e a área regada entre 2019 e 2023, com reduções de 72% e 24%, respetivamente. Ainda assim, existe uma melhoria na eficiência do uso da água e a sua escassez é apontada como o principal fator limitador da expansão da agricultura na região.
Ligação das bacias entre regiões
O estudo defende a ligação das bacias do Guadiana (Alqueva), do Mira (Santa Clara) e do Barlavento (Odelouca/Monchique e Bravura/Lagos), como solução estratégica para o transvase de água entre regiões. A proposta da Lusomorango sustenta que o abastecimento teria como ponto principal Alqueva numa ligação com Santa Clara, com ligação pela barragem do Roxo (Aljustrel), servindo a albufeira do concelho de Odemira como distribuidora de água às outras ligações no Algarve.
No passado dia 15 de dezembro, a ministra do Ambiente anunciou em Faro que esta solução estava a ser estudada, depois de Espanha ter autorizado a utilização de 60 hectómetros cúbicos do rio Guadiana. Maria da Graça Carvalho referiu, então, que tal medida “permite utilizar 30 hectómetros cúbicos para a tomada de água no Pomarão visando o abastecimento ao Sotavento (leste) algarvio e o restante caudal para reforçar Alqueva”.
A consultora YE sustenta no relatório que “é necessário concretizar um Plano Nacional da Água que reforce a disponibilidade de água nas regiões mais afetadas pela seca”, defendendo a necessidade de “construção de novas barragens e a implementação de sistemas de interligação entre bacias hidrográficas”.
Definido como um projeto estruturante para a região, os 12 mil hectares do PRM têm um forte impacto económico no país e na região e na empregabilidade.
Segundo o relatório, o Valor Anual Bruto (VAB) de 2023 foi de 502 milhões de euros, 309 milhões gerados em Odemira e os restantes 210 milhões de forma direta. Ao nível do emprego o projeto viabiliza em média 13.228 empregos anuais, dos quais 11.586 estão localizados em Odemira, gerando estes últimos 198 milhões em remunerações locais.
Caso o aproveitamento da área inscrita para rega entre 2019 e 2023 o impacto médio anual do PRM teria sido de 605 milhões de euros, o número de empregos seria de 21.824 enquanto que as remunerações teriam chegado aos 341 milhões de euros.