Câmara de Baião é responsável pelo trabalho de restauro do mosteiro de Ancede, que deverá mostrar todos os seus tesouros a partir de setembro.
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Se a covid-19 continuar a dar tréguas, a partir de setembro ficarão visitáveis novas áreas do Mosteiro de Santo André de Ancede, em Baião, após anos de obras, estudos históricos e arqueológicos. É uma pérola arquitetónica, que faz parte da Rota do Românico, situada numa encosta voltada para o rio Douro. Tem mais de 900 anos de histórias religiosas e trocas comerciais, tendo sido um dos maiores entrepostos comerciais entre Portugal e a Flandres.
O traço arquitetónico da recuperação é da autoria de Álvaro Siza Vieira. A primeira fase da obra do mosteiro, que incorpora a igreja de Santo André, e o adro, foi na capela do Senhor do Bom Despacho.
O pároco de Ancede, Francisco Pedrosa, acompanhou a obra, paga na altura pela Igreja. "Quando cá cheguei, a capela abria uma vez por ano e estava toda destruída", conta o padre, acrescentando que o pequeno templo vai ser alvo de novas obras, depois de pronta a empreitada do mosteiro, desta vez, paga pelo Município de Baião.
Segundo a vereadora da Cultura, Anabela Cardoso, o investimento total nesta fase do restauro, que inclui claustros, alas nascente e sul, trabalhos de arqueologia, requalificação da igreja de Santo André e do adro, "ronda 1,9 milhões de euros, 1,5 milhões assegurados por fundos europeus". Cerca de 1,7 milhões desse dinheiro serão para o restauro do complexo arquitetónico do mosteiro.
Exposições
Nas zonas agora intervencionadas vão nascer espaços de exposição permanente e temporária, um auditório, gabinetes, espaço de receção e sanitários. No piso térreo e no armazém, o projeto de Siza Vieira contempla o conceito de "ruína consolidada".
José Sendas comanda os trabalhos arqueológicos dentro e fora do convento há anos e, entre as camadas de terra que vão sendo cuidadosamente retiradas contam-se centenas de anos de história. Em cada extrato pode-se ler, pelos vestígios, a quem pertenceram, para que serviam e até à forma como se vivia em cada época.
A próxima fase dos trabalhos vai incluir celeiros e lagares, jardins, cerca, pombal, a capela do Bom Despacho, e custará 1,2 milhões. "Queremos atrair os mais variados públicos", referiu Rui Mendes, adjunto do presidente da Câmara. "Inicialmente, pensámos incluir alojamento, mas queremos que o mosteiro esteja totalmente virado para a museologia e até, quem sabe, fazer uma parceria com uma universidade e desenvolver uma área mais científica", acrescentou.