O Clube de Caça e Pesca de Mirandela (CCPM) lança, esta terça-feira, um edital a proibir a pesca desportiva na sua área de concessão do rio Tua - entre o Açude do Gomes até ao açude do Choupim, incluindo a Ribeira de Carvalhais - devido à suposta descarga de efluentes perigosos, que têm sido visíveis, a partir da Açude de Eixes para jusante, desde o passado dia 22 de Setembro, e que tem provocado a morte de centenas de peixes, ultrapassando já uma tonelada, recolhida pelo serviço municipal de Proteção Civil de Mirandela.
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Nos últimos dias, tem sido visível a deslocação de uma mancha negra ao longo do rio e de alguns peixes mortos, bem como um forte odor, que levou os técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) ao local e a "desaconselhar o consumo humano de peixes provenientes desta zona do rio, porque não sabem qual é a substância poluente que está a provocar a morte dos peixes", revela o presidente do CCPM, João Ribeiro.
"Estamos a alertar todos os sócios do clube assim como a todos os amantes da pesca desportiva e população em geral que no rio Tua vai estar interdito o exercício da pesca, até que as entidades competentes nos comuniquem que não há problemas para a saúde pública", acrescenta.
Entretanto, a Câmara Municipal de Mirandela emitiu uma nota de imprensa sobre este assunto, onde refere que, desde o dia 22 de setembro, tem acompanhado "exaustivamente a situação que se verificou no Rio Rabaçal, junto ao açude de Eixes, onde se encontraram peixes mortos e uma nata que cobria a superfície da água".
Adianta a nota que, após a realização de contactos com várias entidades, o Serviço de Proteção da Natureza da GNR de Chaves e a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) "procederam à recolha de amostras de água para posterior análise em laboratório e autorizaram a retirada dos peixes mortos", uma operação que esteve a cargo do Serviço de Ambiente da Câmara de Mirandela, "com recurso a redes de pesca e com o apoio do barco dos Bombeiros Voluntários de Mirandela, para além de retirar a nata com recurso a viatura de limpeza e desobstrução".
A nota de imprensa da autarquia mirandelense revela ainda que o serviço municipal de proteção civil de Valpaços solicitou à EDP Produção, a realização de descargas de água das barragens a montante e a proteção civil de Mirandela efetuou descargas pontuais.
A finalizar, a autarquia mirandelense revela que, "como existe a possibilidade de crime ambiental, o caso encontra-se entregue às autoridades competentes". Na última Assembleia Municipal de Mirandela, a presidente da câmara, Júlia Rodrigues, revelou que a investigação está a cargo do Ministério Público de Chaves.
Dada a proximidade de uma fábrica de extração de óleo de azeitona, em Leirós, já no concelho de Valpaços, há suspeitas de que esta situação tenha acontecido devido a uma eventual descarga daquela unidade industrial.
Na altura, confrontados com estas suspeitas, os proprietários da fábrica em causa negaram que tenha sido efetuada qualquer descarga e também que não foram detetados vestígios de qualquer derrame acidental, acrescentando que estão a colaborar com as autoridades para apurar o que realmente terá acontecido para provocar este acidente ambiental.