<p>Os pescadores de ambas as margens do rio Minho marcaram para o próximo sábado, em Vila Nova de Cerveira,, uma concentração de barcos de pesca contra uma eventual proibição de pesca do meixão (alevim da enguia) com tela.</p>
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O protesto surge no seguimento da aprovação do novo Regulamento de Pesca do Rio Minho, em 2008, estabelecendo um prazo de dois anos para que fosse definitivamente estabelecido se essa arte de pesca continuaria em vigor ou seria suprimida, a exemplo do que sucede há muito em todos os rios portugueses.
Entretanto, foi criada uma comissão de estudo da enguia, no âmbito da Comissão Permanente Internacional do Rio Minho, presidida pelos comandantes das capitanias de Caminha e Tuy, que vem acompanhando a situação desse peixe, cujas conclusões servirão, posteriormente, como base de sustentação à decisão que vier a ser tomada
Prevendo-se que a Comissão Internacional reúna dentro de três meses, as associações de pescadores de ambas as margens do rio começam a mobilizar-se contra uma eventual proibição da tela, tendo desde já agendado a referida concentração.
Outros factores
Os pescadores entendem que há muitos factores que influenciam negativamente na diminuição de enguias e outras espécies do rio Minho, adianta António Felgueiras, presidente da Associação de Pescadores para a Preservação do Rio Minho, uma das convocantes da acção de protesto. "Em Novembro, estive numa reunião em Santiago de Compostela, em que foi apontada como uma dos maiores causas da mortandade de peixes, a poluição industrial do rio Louro", perto de Tuy, refere aquele pescador residente em Seixas.
Avançando como outro exemplo, indica a proliferação incontrolada de corvos marinhos, aves devoradoras que "comem entre quatro a sete quilos de enguias e solhas por dia", levando-o a concluir que não devem ser os pescadores os "sacrificados", sem que se tomem outras medidas de defesa do rio Minho e das suas espécies.
A posição de contestação ao fim da tela é apoiada pela Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, dado que muitos dos seus sócios pescam, não apenas no mar, mas também no rio Minho, e tudo o que for em sua defesa é apoiado pela direcção.
Prejudicial para o rio
Contudo, nem todos pensam de igual forma. Estêvão Silva, secretário e porta-voz da Direcção da Associação dos Profissionais de Pesca do Rio Minho e Mar, não vai participar na concentração porque entende que a tela "é prejudicial para o rio", defendendo antes "uma suspensão daquela arte durante quatro ou cinco anos", após que se analisaria o resultado dessa interdição provisória. Contudo, adiantou que o presidente da direcção e demais colegas irão associar-se àquela acção de protesto.