<p>Pescadores da Costa Nova dizem duvidar da credibilidade das interdições feitas à apanha de bivalves na Ria de Aveiro. Falam em "jogos de interesses" e lembram que por alturas do Festival de Marisco "é sempre possível apanhar qualquer tipo de marisco".</p>
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Desde há dois anos que é assim: três semanas antes do Festival de Marisco da Costa Nova a Ria de Aveiro está interdita à apanha de bivalves, sobretudo amêijoa e berbigão, mas na semana que antecede o evento “as toxinas simplesmente desaparecem”. A queixa e as desconfianças partem de um grupo de pescadores da Costa Nova que dizem estar “fartos da situação”.
Falam em “jogo de interesses” para “favorecer alguns”. “Gostávamos era de saber quem é que lucra com esta situação”, diz António Graça, acrescentando que “muitas famílias dependem da apanha de bivalves para viver e com a ria interdita, não se pode trabalhar”.
“Tem sido assim nos últimos anos”, diz Maria de Fátima, apanhadora de marisco. “Só abrem por causa do festival e depois, logo na segunda-feira volta a fechar, o que é muito estranho”. Os pescadores dizem não perceber “como é que de uma hora para a outra deixa de haver toxinas” e falam em graves prejuízos para as mais de 100 famílias da Costa Nova que vivem da apanha de marisco.
“A ideia que nos dá é que há aqui joguinhos de interessa”, lança António Graça, acrescentando que “se estivesse mais uma semana fechado, tínhamos direito ao subsídio e assim não temos. Mais parece uma estratégia”.
Os apanhadores de bivalves lembram que o Festival de Marisco da Costa Nova “é feito com marisco da ria e se houvesse interdição, não podia haver festival”, dizem.
O Festival do Marisco da Costa Nova começa hoje e prolonga-se até domingo. “Resta-nos esperar para ver se para a semana fecha ou não”, afirmam.