Os nove pescadores em isolamento há vários dias na embarcação de pesca "Nossa", atracada no porto de Viana do Castelo, já saíram do barco todos com testes negativos à covid-19.
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Salamfudin, um dos cidadãos indonésios que estavam em isolamento na embarcação "Nossa", no porto de Viana do Castelo, saiu esta manhã a correr do barco. Andou às voltas durante cerca de uma hora sempre a correr nas imediações.
Foi "um ato de liberdade", descreveu o mestre do pesqueiro, Luís Trocado, que, depois de ter recebido indicação do Delegado de Saúde de que a tripulação poderia sair, já que os sete testes à covid-19 tinham dado todos negativos, ainda "estava a processar" o acontecimento.
"Isto foi a mesma coisa que nos mandarem para a jaula com os leões e nós estarmos lá no meio deles. Agora sinto-me fora da jaula e os leões já não estão lá dentro", comentou em declarações ao "Jornal de Notícias".
"Estamos todos bem, mas acho que estamos todos a processar, tanto que eu disse [aos tripulantes] que já podiam sair e eles reagiram como um animal no seu habitat, que primeiro fica parado, a perguntar-se se será real ou não. O primeiro a sair foi este", acrescentou, apontando para Salamfudin, que passava a correr sorridente.
A notícia dos testes negativos chegou de madrugada e a autorização para, literalmente, abandonar o barco cerca das 10 horas.
Os pescadores do "Nossa", três portugueses e seis indonésios, estavam confinados no barco no porto de Viana do Castelo desde 19 de dezembro. Um primeiro indonésio (inicialmente, eram dez tripulantes) tinha sido retirado da embarcação, ainda em alto mar, de helicóptero, no dia anterior, porque apresentava "sintomas severos" associados a infeção por covid-19.
A embarcação tinha saído a 6 de dezembro para a faina do espadarte e estava previsto regressar apenas em fevereiro. Os tripulantes que passaram o Natal a borco, em isolamento, vão poder agora celebrar o fim de ano junto da família. Após vários dias cinzentos de chuva, saíram esta manhã, com céu aberto e sol.