Pescadores lúdicos manifestam-se contra a proibição de pescarem no molhe norte da Foz
Mais de 200 pescadores lúdicos manifestaram-se, neste sábado, à entrada do molhe norte da Foz, no Porto, contra aquilo que dizem ser uma "perseguição por parte das forças de segurança" naquele local.
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Com cartazes onde se podia ler "Polícia Marítima e GNR sejam tolerantes, só queremos pescar na paz do mar", "Estará a cidade do Porto sequestrada pelo lobby do turismo?" ou ainda "Nós só queremos pescar", os pescadores criticaram o facto de quase já não terem lugares para pescar, dando o encerramento do cais da Secil, junto à ponte da Arrábida, como o exemplo mais recente onde também deixaram de poder aceder.
Manuel Augusto, 62 anos, recorda que quando estavam a construir o molhe "foi possível ver-se um enorme 'outdoor' a justificar a obra, mas também com a alusão à criação aqui de uma área de lazer e melhores condições para a prática da pesca lúdica".
Só que "aos poucos foram-nos impondo barreiras que posteriormente se transformaram em proibições", acrescentou Joaquim Gomes, 51 anos, que explicou ao JN que "o grande motivo da manifestação é os pescadores quererem ver revogada a proibição de pescar no molhe norte da Barra do Douro".
E acrescentou: "O meu desporto é a pesca e para isso pago uma licença anual. É muito triste que estejam a impedir-me de o fazer, quando é um hábito enraizado da cultura portuense".
Dos relatos que se foram ouvindo ao longo da manhã deste sábado, poucos foram os pescadores que ainda não foram multados, uns até mais do que uma vez.
Afonso Couto, 26 anos - que juntamente com António Pereira, de 18 anos, organizou a manifestação - rejeita em tom irónico que esteja a acontecer "uma caça à multa". "Para isso era preciso um indivíduo ser apanhado três dias seguidos, à mesma hora, no mesmo local". "As autoridades aparecem dia sim, dia não", apontou.
Os dois amigos esperam que esta "manifestação seja um abrir de olhos e de horizontes para que as associações do setor percebam que é preciso fazer algo".
"Não queremos pescar sem regras, mas também deve de haver sensibilização por parte de quem vem fiscalizar", sublinhou António.
Também José Oliveira, 66 anos, selecionador nacional de pesca desportiva, comentou que esta proibição foi tomada "por pessoas que não têm a mínima sensibilidade", salientando que "o cais velho não chega para mais de dois praticantes da zona".
Manuel Augusto, que já foi multado em 110,20 euros por estar a pescar no molhe, salientou que "a presença dos pescadores lúdicos no molhe é uma mais-valia, por já terem ajudado no resgate de vários turistas".
O JN tentou, sem sucesso, falar com o comandante da zona marítima do Norte.