Pescadores pedem que novo Governo se lembre do portinho de Vila Praia de Âncora
A associação de pescadores de Vila Praia de Âncora apela ao Governo que for eleito no próximo domingo que concretize, finalmente, a obra de reconfiguração do portinho local, cuja maquete foi apresentada publicamente esta quinta-feira.
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A intervenção, há muito reclamada pela comunidade piscatória devido ao assoreamento contínuo do porto e falta de segurança daí resultante, já cumpriu as fases de estudo e definição de uma solução, tendo chegado agora à etapa de ser garantido o financiamento para avançar.
O início da sua execução está aprazado para 2026 e estima-se que possa custar “entre 20 e 30 milhões de euros”, segundo adiantou a subdiretora-geral da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), Isabel Ventura, no ato de apresentação da maquete.
A mesma responsável afirmou ainda que, nos últimos dois anos (2022 e 2023) foram gastos “cerca de meio milhão de euros” em operações de dragagem do porto de mar de Vila Praia de Âncora, para que este se possa manter funcional. E que no futuro com a construção de "um ante-porto de proteção", que irá "redirecionar as águas", deixarão de se acumular sedimentos na entrada do atual porto, tornando-o seguro para o movimento das embarcações de pesca. Isabel Ventura entende que, após a obra, o portinho de Vila Praia de Âncora poderá "concorrer" com outros portos do Norte de Portugal e da Galiza.
“Este é um projeto da nossa comunidade e não pode recuar uma vírgula, não pode recuar uma palavra. Estamos há dez anos a lutar por isto, já passamos por quatro governos e já tivemos o projeto e a construção nas nossas mãos, e quando íamos começar, tivermos de recomeçar da estaca zero”, defendeu, na sessão, Carlos Sampaio, um dos responsáveis da associação de pescadores de Vila Praia de Âncora.
Em declarações aos jornalistas, admitiu haver algum receio no seio da comunidade piscatória que a obra possa não se concretizar. “Tive a oportunidade de estar com os cabeças de lista por Viana do Castelo e passei-lhes o meu medo e fiz um apelo para que, seja qual for a força política que a partir de dia 10 nos vai governar, não faça o que nos fizeram durante dez anos. Sabemos como é a política, é só mudar uma virgula e um parágrafo, e começamos do zero”, disse.
Carlos Sampaio sublinhou ainda que “este não é um porto de mar político, é um porto de mar, em que tem de se defender a segurança dos pescadores, a sua operacionalidade e reduzir as dragagens”. “Revolta-me que se gastem todos os anos à volta de 350 mil euros no porto de mar, quando uma simples obra, que já podia ter sido feita, já podía ter resolvido o problema”, conclui.
O autarca de Caminha, Rui Lages (PS), recordou que aquele porto de mar “não é funcional e é perigoso”, um problema que exige dragagens frequentes, e que a concretização da obra resolveria.
“Temos uma comunidade de pescadores satisfeita com a realização desta maquete e agora é preciso dar novos passos. Temos de encontrar financiamento para execução da obra. Sabemos que o Governo já está a trabalhar nesse sentido”, declarou, acrescentando que a sua “expectativa é que os prazos sejam cumpridos” e que “em 2026 já exista obra no terreno”.