Profissionais queixam-se da falta de espaço para guardar materiais e de não haver obras. APDL está a estudar solução que minimize impacto de apetrechos na rua e promete sanções.
Corpo do artigo
É na Cantareira que ainda persiste uma das mais típicas comunidades piscatórias do Porto. Mas dos tempos áureos da atividade, com dezenas de barcos naquela zona, já só restam oito pescadores profissionais. Os que resistem lamentam que a falta de investimento da Administração do Porto do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) "mais pareça um sinal" de quem os quer "correr" dali.
Fonte da APDL confirmou ao JN que tem recebido "constantes queixas do público em geral sobre a falta de higiene e desorganização" daquele espaço, com os apetrechos de pesca espalhados, criando obstáculos e situações de perigo", e que, por isso, está a "avaliar a possibilidade de uma solução que minimize o impacto da atividade na fruição do espaço público".
Já entre as principais queixas dos pescadores está o facto de não terem "condições para guardarem o material". "Há 12 anos, quando a APDL remodelou este espaço, foram feitos cinco arrumos, porque era o número de pescadores profissionais que existiam na altura. O que não faz sentido, porque, entretanto, surgiu mais gente na pesca que, como eu, não tem onde guardar o material", contou ao JN, Bruno Mota, 39 anos.
À falta de arrumos para todos, os pescadores lamentam que diariamente correm o risco de serem assaltados, por deixarem as artes do ofício, como redes e boias, espalhadas no telheiro (espaço que foi pensado para atarem as redes), encostadas às divisões fechadas e até nas linguetas de acesso ao rio.
Motivo que tem gerado ações de fiscalização por parte da APDL, que avisa que "as possíveis sanções a aplicar são enquadráveis na Lei Quadro das Contraordenações Ambientais".
Falta de estacionamento
Orlando Rebelo, 60 anos, que "anda ao mar" desde os 13, é um dos pescadores que têm um compartimento na Cantareira, mas lamenta que a APDL "não invista em obras", uma vez que "as coberturas estão há muito a apodrecer o material que está no anexo".
"Pagamos 90 euros por mês e chove aqui dentro. Na Afurada, os pescadores têm direito a água e luz e pagam, em média, dez euros por mês", salienta Orlando. De acordo com a APDL, "o valor mais elevado é de cerca de 70 euros por mês e o mais baixo é de 45 euros".
Já António Rebelo, 57 anos, chama a tenção para o facto de não terem criado uma zona para os pescadores deixarem os carros. "Quando vou para o mar de madrugada, ainda não posso pôr moeda no parquímetro e quando chego arrisco-me a ter uma multa".
Sobre este assunto, a APDL confirma "que o melhoramento do acesso foi solicitado pelos pescadores em março" e que, embora a questão do estacionamento não seja da sua responsabilidade, "tem mantido contactos" com a Junta de Freguesia da Foz.