Petição de Pedro Duarte contra metrobus é “afronta à inteligência” dos portuenses, diz Nuno Cardoso
O candidato independente à Câmara Municipal do Porto Nuno Cardoso defendeu, esta quinta-feira, que a petição contra o metrobus encabeçada por Pedro Duarte, que também se candidatou àquela autarquia, representa um “insulto à inteligência e paciência” dos portuenses.
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Em comunicado, Nuno Cardoso, que presidiu a Câmara do Porto entre 1999 e 2001, considerou “o gesto” de Pedro Duarte, atualmente ministro dos Assuntos Parlamentares, “no mínimo desconcertante” e um “exercício de contradição”, mostrando-se “indignado e perplexo”.
Pedro Duarte, candidato do PSD/CDS à presidência da autarquia do Porto, encabeça uma petição para suspender e mudar a segunda fase do metrobus, defendendo a circulação sem canal dedicado e a salvaguarda de árvores e da atual ciclovia.
"O bom senso reclama que haja ponderação antes de avançar com esta segunda fase. Porque esta segunda fase implica uma alteração - eu diria uma destruição - irreversível desta zona da Avenida da Boavista tal qual a conhecemos", disse Pedro Duarte à Lusa. Em causa está o projeto da segunda fase do metrobus, entre Pinheiro Manso e a Anémona, que esteve parada em tribunal mas já pode avançar.
Para Nuno Cardoso, "este gesto é, no mínimo, desconcertante". "O ministro, que até agora nunca se pronunciou publicamente sobre o avanço da obra – mesmo quando a primeira fase já decorria há anos – desperta agora para criar uma petição... contra o seu próprio governo”, lê-se no documento enviado à Lusa.
"Contradição política"
Segundo o ex-autarca, a petição promovida por Pedro Duarte é um “verdadeiro exercício de contradição política que representa uma afronta à inteligência e à paciência dos cidadãos do Porto”.
Nuno Cardoso salienta que “o sistema metrobus já implicou a aquisição de veículos específicos e mobilizou verbas significativas de financiamento europeu, cuja perda seria inaceitável”, defendendo que “a eventual suspensão do projeto exige alternativas claras, discutidas com a cidade”.
“O futuro do corredor onde hoje se implementa o metrobus – seja enquanto via ciclável, transporte público ou solução mista – deve ser decidido com os portuenses, não em ações de propaganda política”, defende Nuno Cardoso.
Em concreto, a petição "Por uma Avenida da Boavista Verde, Humanizada e Sustentável" recusa "o avanço da segunda fase do metrobus em canal dedicado na Avenida da Boavista", defende que se impeça "o abate de dezenas de árvores, preservando o património arbóreo existente" e que se salvaguarde "a atual ciclovia, reconhecida como um exemplo de mobilidade suave e sustentável".
A petição refere que a cidade "continua sem conhecer, nem confiar, na eficácia" do metrobus, que ainda não está ao serviço, apontando que, na segunda fase, "ao impor um canal exclusivo e segregado para os veículos do BRT [metrobus], compromete-se a preservação do património arbóreo, desqualifica-se o espaço pedonal e elimina-se a experiência ciclável da avenida".
Até ao momento, foram confirmadas as candidaturas à Câmara do Porto de Manuel Pizarro, pelo PS, de Pedro Duarte, pelo PSD, de Diana Ferreira, pela CDU, Nuno Cardoso, pelo movimento Porto Primeiro, Vitorino Silva, conhecido como Tino de Rans, Aníbal Pinto, pela Nova Direita, e Sérgio AIres, pelo Bloco de Esquerda.
O atual executivo é composto por seis eleitos pelo movimento independente de Rui Moreira, três eleitos pelo PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE. As eleições autárquicas deverão decorrer entre 22 de setembro e 14 de outubro de 2025.