Petrogal: "Assisti à construção da refinaria e estou a assistir à demolição"
Desmantelamento da refinaria da Petrogal, em Leça, arrancou há um mês. População dividida entre alívio e tristeza, diz que trabalhos não incomodam. Galp não tem registo de queixas.
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Fernando detém-se sob o sol dourado da tarde, resignado diante do colosso da refinaria da Petrogal que viu nascer e espraiar-se em frente ao mar de Leça da Palmeira, ainda sob a égide da SACOR - Sociedade Anónima de Combustíveis e Óleos Refinados. Encolhe-se no corpo franzino e conforma-se: “trabalhei aqui no início, na terraplanagem; vim para cá com 18 anos, em 1968. Agora, estão a desmantelar isto... Assisti à construção e estou a assistir à demolição”.
O olhar de Fernando Crisóstomo lança-se na imensidão dos quase 300 hectares do antigo complexo petroquímico, estendido entre a Boa Nova, em Leça, e o Cabo do Mundo, já em Perafita, mas o fio da memória é quebrado por uma retroescavadora que, à passagem, põe a terra seca a rodopiar no ar. Ali, na zona norte da refinaria, onde Fernando aponta os “depósitos de produto já refinado”, as máquinas que desde há um mês arrasam o complexo inaugurado em 1970 não importunam, e o mesmo acontece na vizinhança, dividida entre o alívio e a tristeza pelo desmantelamento da unidade, que “dava empregos”.