Filipe Ferreira, um rapaz de 19 anos que sofre de uma síndrome rara que não o deixa ver, andar ou falar, já conseguiu reunir os 50 mil euros de que precisava para se tratar numa clínica em Cuba. Pipinho, como também é conhecido o jovem de Gaia, vai iniciar em fevereiro um ciclo de terapias intensivas.
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Nelson e Mara Ferreira vivem agradecidos pela onda de solidariedade que desde sempre tem amparado a família, ajudando a suportar as despesas astronómicas com os tratamentos diários do filho, Filipe, e redobram agora a gratidão para com todos – instituições e particulares – os que ajudaram a reunir, em menos de meio ano, os 50 mil euros necessários para poderem proporcionar a Pipinho, como também é conhecido o jovem, terapias específicas em Cuba com o “objetivo de pô-lo a caminhar”.
“Já pagamos tudo à clínica, e vamos para Cuba no dia 10 de fevereiro”, adianta ao JN Nelson Ferreira, a quem os médicos cubanos “garantiram” que um tratamento intensivo poderia realizar o sonho dele e da mulher, de ver andar o filho, que nasceu há 19 anos com a síndrome de Norrie e não fala, anda ou vê. “Vão ser três meses de terapias intensivas, para pô-lo a caminhar”, explica o pai, lembrando, contudo, que a família, que reside em Avintes, Gaia, vai continuar a depender da solidariedade para dar seguimento aos tratamentos de Pipinho, que, além da fisioterapia, faz sessões de terapia da fala e de estimulação sensorial, entre outras.
Futebol amador ajudou
Entre donativos e ações solidárias, como caminhadas e torneios, uma das iniciativas que ajudaram Filipe foi a angariação de verbas desencadeada em Vila do Conde pela Associação Desportiva de Árvore Forças Segurança Unidas (ADAFSU) e pelo Futebol Clube de Vila Chã, que, com a Associação Futebol Amador de Vila do Conde, desafiaram os 19 clubes amadores do concelho a participar na causa solidária durante os jogos do campeonato e conseguiram juntar perto de sete mil euros para o jovem poder ir a Cuba.
“Foi um orgulho haver tanta união numa causa solidária. O futebol amador de Vila do Conde fez história”, diz Bruno Brini, presidente da ADAFSU, que reúne polícias, profissionais da segurança privada e bombeiros. “Isto acaba por ser um incentivo para os clubes profissionais se associarem também a este tipo de causas. Além de ajudar o Pipinho, a iniciativa teve também o objetivo de passar esta mensagem”, aponta o dirigente da associação, que em setembro lançou o livro “Um chuto solidário”, no qual retrata várias causas apoiadas pela ADAFSU e cujas vendas revertem para a solidariedade. “Doámos mais de mil euros, conseguidos com a venda do livro, à causa do Pipinho”, adianta Bruno Brini.
Ao longo dos anos, Filipe tem feito terapias intensivas numa clínica privada, uma despesa mensal que ronda os dois mil euros, bem acima do único vencimento que entra na casa da família - o de Nelson, que aufere o ordenado mínimo. Para fazer face às despesas mensais avultadas, a família multiplica esforços: Mara e Daniela, a irmã do jovem, criaram a Oficina do Pipinho, onde fazem trabalhos de artesanato para ajudar a pagar os tratamentos. Por outro lado, Nelson continua a recolher sucata, de forma a compor o orçamento. E mantêm a campanha de angariação de donativos através da página de Facebook “Todos juntos pelo Filipe Ferreira”. Os interessados em ajudar podem fazer donativos para a conta de Pipinho, que tem o NIB 003501240001656900080, ou por MBWay, através dos números 968484343, 911960801 ou 916373288.