Uma empresa de pirotecnia laborou durante 65 anos na marginal de Gramido, em Valbom, Gondomar. Por conta do projeto Polis, com a construção do passadiço junto ao rio, a Câmara encetou negociações, em 2011, para a fábrica sair dali. Todavia, só volvidos dez anos, é que a mudança aconteceu.
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Foi a 14 de julho de 2021 que a pirotecnia de Rui Resende, 66 anos, passou a ter licença para trabalhar, num terreno cedido pela Autarquia no lugar de Tardariz, na freguesia de S. Pedro da Cova. "Mais ou menos a sete minutos de carro" das antigas instalações, em Gramido, ressalvou o proprietário.
"O objetivo era que a pirotecnia Resende deixasse a zona de Gramido, junto à Estrada Nacional 108, zona com muito movimento rodovário, somando-lhe os milhares de pessoas que ali correm e caminham com o rio Douro a 20 metros", resumiu o presidente da Câmara, Marco Martins.
Mas "um litígio de vários anos" entre o proprietário e o Município atrasou o processo.
Só em 2018, a autarquia chegou a acordo com o proprietário da fábrica Resende, cedendo um terreno em Tardariz, onde a empresa agora se encontra a laborar.
Marco Martins ressalva que, durante o processo, "a Autarquia encontrou sempre por parte de Rui Resende uma vontade em resolver as questões burocráticas", explicando que a mudança só aconteceu o ano passado "por conta das sucessivas exigências técnicas".
"Só o parecer da Agência Portuguesa do Ambiente demorou seis meses a sair", referiu Rui Resende. Também foi necessário parecer favorável da Direção Geral de Explosivos da PSP.
Família de Seia
O empresário recordou ao JN que foi o pai, natural de Seia, que em 1956 se "fixou" com o negócio na marginal de Gramido. "Havia já ali um fogueteiro a trabalhar e o meu pai acabou por compra-lhe o negócio", sublinhou.
Isto, numa altura em que aquele local "era todo ermo, ainda sem nenhuma casa na estrada nacional e em que o acesso era feito por um pequeno carreiro", frisou.
O empresário não tem dúvidas que as atuais condições são bastante melhores. E salienta que "só para a instalação do material elétrico, como câmaras de videovigilância, candeeiros led e para-raios", investiu "quase 60 mil euros".
Agora, Rui Resende só vai à marginal de Gramido para contemplar as vistas.
Negócio está parado
Nas antigas instalações em Valbom, Rui Resende chegou a ter oito funcionários, mas a pandemia veio deitar por terra todas as festividades e, com isso, também o setor da pirotecnia ficou sem trabalho. "E sem direito a nada por parte do Governo", desabafou o empresário.
Atualmente, a fábrica, a laborar na Rua Nova do Toco, em S. Pedro da Cova, "tem apenas um funcionário". Um dos raros trabalhos que a empresa fez foi o encerramento do parque de Natal Perlim, em Santa Maria da Feira, no passado dia 2.