O Planetário do Porto está a comemorar 24 anos de existência. Um centro de divulgação da astronomia que já chegou a 250 mil crianças de todo o país.
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Desde o velho insuflável que punha a criançada de nariz no ar a ver estrelas e astros - quem não se lembra, a partir de 1990, das visitas daquela grande semiesfera ondulante à escola, com o espaço projetado a toda a volta, para uma mágica aula de Ciências? -, quase tudo mudou no Planetário do Porto. A começar pela construção do espaço físico, no Campo Alegre, há um quarto de século, e pela abertura ao público, há exatos 24 anos, passando, hoje, pelo desafio da produção de vídeos imersivos.
O edifício, que "parece quase um castelo" - compara o astrónomo e diretor do Planetário, Filipe Pires -, alberga as duas valências sonhadas pela professora Teresa Lago, que idealizou o projeto: um centro de ciência e um centro de investigação, uma "associação invulgar" numa estrutura deste género. É esta combinação que permite continuar a fortalecer os três pilares que edificaram o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), fundado em 1989 por aquela astrónoma para promover a investigação científica, a formação e a divulgação e apoio às escolas.
Berço do Planetário do Porto, o CAUP foi a primeira instituição nacional a adquirir um planetário portátil, em 1990, o que permitiu desenvolver, a partir daí, um programa de divulgação de astronomia junto de escolas e autarquias que já abrangeu mais de 250 mil crianças de todo o país. Hoje, é na carrinha "Astroteca sobre rodas" que o planetário vai até às escolas, com sessões preparadas para alunos do pré-escolar ao 12º ano, que representam cerca de 70% do público desta unidade da UP.
"Se as escolas não puderem deslocar-se até nós, vamos às escolas fazer sessões. Mas o ideal é que venham cá", apela Paulo Pereira, do departamento de Comunicação do Planetário. Até porque o sistema de projeção digital adquirido em 2015 permite uma experiência imersiva no interior da cúpula, com a exibição de vídeos produzidos na instituição.
"Trabalhamos conteúdos especificamente para cada ano escolar, e temos programas para todos os anos e áreas. Muitas escolas visitam-nos por causa da nossa garantia de rigor científico", destaca Filipe Pires, realçando que este "é o único planetário do país que tem produção própria de conteúdos".
Investigação
Em 2015, com a fusão do CAUP e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, é criado o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), que passa a gerir o Planetário do Porto, um dos primeiros Centros Ciência Viva. Os cerca de 80 investigadores do IA dedicam-se, entre outras pesquisas, ao estudo de exoplanetas (planetas extrassolares).
Atividades
O sistema de projeção digital existente na cúpula do Planetário permite fazer sessões imersivas, levando o visitante a "viajar" para qualquer ponto do Universo conhecido, com o acompanhamento de um astrónomo. Além da projeção de vídeos imersivos, há jogos, espectáculos de teatro e de música e oficinas pedagógicas. É ainda possível observar o sol através do telescópio.
Filme e exposição
Para comemorar o aniversário, foi estreado o vídeo imersivo "O céu d"Os Lusíadas", sobre a epopeia de Vasco da Gama, através da obra de Camões. No átrio está patente uma exposição sobre meteoritos, em que é possível tocar em fragmentos da Lua, Mercúrio, Marte ou do asteroide Vesta.